Entenda a causa dos aumentos recordes da inflação
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Em março, quando a pandemia completou um ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o preço dos alimentos havia subido 15% nos últimos 12 meses. Após um momento de otimismo, a situação piorou. No início de agosto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no País, atingiu o valor mais alto desde 2016, 8,99%. O valor já está acima do teto para o ano, que era de 5,25%, e foi puxado principalmente pelo preço dos alimentos, da energia elétrica e dos combustíveis.
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Tanto o valor da energia elétrica, quanto o da gasolina têm influência direta no preço dos alimentos, que já estão sofrendo com efeitos climáticos não esperados. Além disso, a desvalorização do real perante o dólar afeta várias partes da cadeia produtiva, impactando também nos aumentos.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina no fim de agosto chegou a R$ 5,99 e, em alguns estados, ultrapassou a faixa dos R$ 7. O preço dos combustíveis no Brasil é influenciado pelo valor do petróleo, regulado pelo mercado externo.
A alta do óleo no mercado mundial aconteceu devido ao aumento da demanda depois que alguns países começaram a reabrir as economias e a políticas da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) — que concentra 40% da produção mundial.
Como o petróleo é cotado em dólar, a atual desvalorização do real frente à moeda estrangeira também influencia no valor da gasolina. O combustível em alta tem impacto direto sobre o preço dos alimentos, dado que aumenta o valor do frete pago pelo produtor e/ou comerciante.
Na segunda quinzena de agosto o dólar voltou a subir e bateu a marca de R$ 5,40, isso quando era esperado um movimento de queda. Com o valor alto da moeda norte-americana é mais interessante para o grande e médio produtor de commodities exportar o produto do que fornecê-lo ao mercado interno. Isso diminui a oferta local e aumenta os preços.
Além disso, o preço das commodities estão em alta internacionalmente devido a fortes demandas de alguns países que começam a contemplar o início de uma recuperação da pandemia de covid-19. Como o valor das commodities é cotada em dólar, quando este sobe é normal que o preço interno também acompanhe o movimento.
Além do cenário negativo para os preços dos alimentos causado por influências externas, a seca histórica que abateu os estados do Sul, parte do Sudeste e Centro-Oeste causou a quebra da safra de importantes culturas. Os efeitos da mudança climática ainda vão ser sentidos por alguns meses em produtos como milho, soja, café, cana-de-açúcar e laranja.
A diminuição da produção do milho e da soja causa um aumento de preços que produz um efeito cascata nas carnes, visto que são as matérias-primas das rações na indústria de aves, suínos e bovinos. A perda na produção de cana-de-açúcar influencia o preço do etanol, que também é usado como um dos componentes da gasolina, realimentando o ciclo de aumentos nos preços.
Outro efeito da seca foi a diminuição dos níveis de vários reservatórios de usinas hidrelétricas e o consequente ativamento de usinas termoelétricas para a complementação da oferta de energia no País. A energia termoelétrica é mais poluente e mais cara, e o aumento na conta de luz afeta todas as etapas da produção, armazenamento, distribuição e venda de alimentos.
As constantes altas dos alimentos devem influenciar a margem de lucro dos produtores rurais. Isso porque com a demanda em baixa, e com o desemprego em alta, é improvável que os aumentos possam ser todos repassados ao consumidor final.
Fonte: Politize.