Além da utilização da fibra do algodão para a confecção de vestimentas, sua semente também pode ser aproveitada para a alimentação humana e animal
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Durante um período entre os séculos XVII e XIX, o Brasil cumpriu uma importante função no mercado de exportação da fibra de algodão. Era no território brasileiro que os ingleses encontravam boa parte da matéria-prima necessária para a confecção de produtos da indústria têxtil, como fios e tecidos. Porém, engana-se quem acredita que essa é a única função do algodão, pois ele também é responsável por compor uma fração da alimentação de alguns animais.
Durante a Revolução Industrial, no século XVIII, o algodão se tornou uma das principais fibras têxteis no mundo. Com seus componentes, é possível produzir a lã, material de alta qualidade utilizado na confecção de roupas, cordas, barbantes e outros. Os primeiros registros de utilização do algodão datam de meados de 4.500 a.C., pelos Incas, no Peru. Muitos anos depois, o maquinário para a tecelagem seria inventado, e a fibra ganharia grande importância na sociedade.
Para se ter ideia, a produção de algodão é feita em 60 países espalhados pelos cinco continentes do planeta. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o cultivo da fibra utiliza 35 milhões de hectares por ano, no mundo todo. O comércio de algodão é uma indústria que movimenta cerca de US$ 12 bilhões e emprega mais de 350 milhões de pessoas.
Dentro dos campos de plantio do algodão, ocorre o processo de separação da fibra ou pluma da semente — também conhecida como “caroço do algodão”. Composta de muitos nutrientes, a semente do algodão exerce um papel fundamental na agropecuária ao servir de alimentação para animais dentre outras funções.
A semente do algodão é um material rico em fibras, carboidratos e proteínas, o que a torna uma ótima fonte de alimento para os bovinos. Com média de 96% de Nutrientes Digestivos Totais (NDT), o caroço de algodão é rico em energia. O NDT é um conceito desenvolvido para descrever o valor energético de determinado alimento que é digerido pelos animais ruminantes. Vacas e bois adultos podem consumir cerca de 1,5 kg de semente de algodão, ministradas junto de forragem de baixa qualidade, por dia.
Porém, se para os ruminantes esse é um alimento de fácil digestão, para os animais monogástricos, como aves e suínos, ele não é recomendado. O caroço de algodão apresenta em sua composição química o gossipol, complexo de substâncias com pelo menos 15% de alcalóides, que são substâncias extraídas de plantas e pertencentes ao grupo de compostos nitrogenados orgânicos. A presença de gossipol faz com que alimentação feita com semente de algodão seja tóxica para esses animais.
Quem também tem a alimentação favorecida pelo cultivo do algodão são os próprios seres humanos, que aproveitam da extração industrial da sua fibra para obter o óleo presente na planta. Resistente a altas temperaturas e sem interferência no paladar, o óleo de algodão se transforma em um ótimo produto para a fritura de alimentos. Essa pode ser uma alternativa para os tradicionais olhos de soja, canola e milho, visto que é rico em nutrientes, como a vitamina E e o ômega-3, fazendo com que o óleo de algodão seja antioxidante, ajudando na prevenção de doenças cardiovasculares, por exemplo.
Durante o processo de extração do óleo da semente do algodão, surge mais um elemento que cumpre grande função na agricultura: a casca. Segundo os dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a casca tem em média: 8,7% de água; 2,6% de cinza; 3,5% de proteína bruta; mais de 45% de carboidratos; e somente em torno de 1% de lipídios, o que a torna muito útil para diversas funções.
Ela é a parte do algodão onde se encontram o embrião e 40% da origem do óleo. Além disso, os números apontam propriedades que fazem a casca ser, além de fonte alimentícia para animais, um ótimo produto para a composição de adubos e combustíveis utilizados no dia a dia das fazendas.
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Fonte: Abrap; Aegro; Ampa; Senar