Crédito para o agronegócio: como a próxima safra poderá ser financiada? - Summit Agro

Crédito para o agronegócio: como a próxima safra poderá ser financiada?

17 de novembro de 2021 4 mins. de leitura

Safra de grãos exige volume de R$ 1 trilhão por ano em financiamento, mas Plano Safra do governo federal banca apenas R$ 250 bilhões

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O Estadão Summit Agro 2021, o maior e mais relevante evento do setor no Brasil, debateu as novas ferramentas para oferecer crédito ao agronegócio em painel realizado na manhã desta quinta-feira (17). Nos últimos dois anos, diversas modalidades de crédito surgiram e podem ajudar a alavancar o financiamento para a cadeia agropecuária.

A safra brasileira de grãos demanda um financiamento estimado em R$ 1 trilhão por ano; no entanto, o crédito com recursos públicos administrados pelo governo federal por meio do Plano Safra oferece apenas R$ 250 bilhões. Apesar de ser um volume abaixo do esperado pelo setor, o montante representa crescimento de 6% em relação à temporada anterior.

De julho a outubro de 2021, quase R$ 125 bilhões já foram contratados. “Tivemos uma performance muito forte, com 39% a mais de contratação com relação ao ano passado”, comparou Guilherme Soria Bastos Filho, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Com recursos governamentais limitados, parte importante do financiamento tem origem no setor privado. Nesse cenário, mecanismos como Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), barter, entre outros, tornam-se cada vez mais relevantes para o setor.

Crédito verde

Especialistas destacam novos instrumentos de crédito agrícola que poderão ser usados na próxima safra. (Fonte: Summit Agronegócio 2021/Reprodução)
Especialistas destacam novos instrumentos de crédito agrícola que poderão ser usados na próxima safra. (Fonte: Summit Agronegócio 2021/Reprodução)

Os compromissos assumidos pelos países durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) deverão aumentar os recursos dedicados para atender às demandas ambientais do agronegócio. “A gente vai ter um desafio de já começar a trabalhar no Plano Safra 2022/2023 com uma vertente ainda mais verde”, afirmou o secretário.

O mercado de títulos verdes, que ganhou reforço com o recente lançamento da Cédula do Produto Rural (CPR Verde), está crescendo de forma rápida. O volume movimentado dobrou no Brasil em quase dois anos, saindo de US$ 5,6 bilhões emitidos em 2019 para US$ 10,3 bilhões atualmente, como destacou Leisa Souza, head da Climate Bonds Initiative para a América Latina.

Apesar de o mercado global de crédito verde estar maduro, ainda há muito trabalho no Brasil. De um lado, porque o investidor precisa entender como funciona a titulação no agronegócio; do outro, porque os produtores rurais precisam aprender como comprovar a redução do carbono. “A oportunidade existe, a gente sabe que tem, mas há esses desafios”, comentou.

Agrofintechs

Fintechs especializadas em produtos para a agropecuária podem aumentar recursos disponíveis para financiamento do setor. (Fonte: Kentoh/Shutterstock/Reprodução)
Fintechs especializadas em produtos para a agropecuária podem aumentar recursos disponíveis para financiamento do setor. (Fonte: Kentoh/Shutterstock/Reprodução)

As agrofintechs exploram o potencial de startups financeiras no agronegócio. O segmento é relativamente novo e obteve mais destaque na Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) em setembro de 2020, quando foi criada uma vertical dedicada à cadeia agropecuária.

Entre os serviços oferecidos por essas empresas, estão a emissão de cédulas de crédito rural, o monitoramento de crédito, a gestão de seguro e os desembolsos. Esse novo modelo de aporte de recursos deve ser visto como complementar ao mercado, segundo considera Jonatas Couri, membro da Vertical Agro da ABFintechs.

“As agrofintechs têm entrado como protetor de sobreteto de forma maciça para a cadeia de produção de insumos”, avaliou Couri. As startups atuam principalmente em revendas de agroquímicos, misturadoras de fertilizantes e sementeiras. Isso acontece porque essas empresas têm carteiras de até 5 mil clientes e ajudam a pulverizar o crédito e diminuir os riscos para o investidor.

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Fonte: Estadão Summit Agronegócio 2021.

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