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A soja e o milho voltaram a ter um forte movimento de alta no mercado e alcançaram valores históricos no mercado nacional. Nessa safra, os cereais devem registrar também uma supersafra e recorde de produção, de acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A cotação da saca de 60 quilos da soja no Porto de Paranaguá chegou a R$ 179,83 em março, o maior preço pago desde 2006, quando o Centro de Estudos e Pesquisa Aplicada (Cepea) começou a acompanhar o mercado baseando-se no Indicador Esalq/BM&FBovespa. Segundo a Conab, o Brasil deve produzir 135 milhões de toneladas na safra 2020/21, apresentando um aumento de 6% em relação ao período anterior.
Já o milho teve a saca de 60 quilos cotada a R$ 93,85 pelo Indicador Esalq/BM&FBovespa, o maior preço registrado nos últimos 17 anos da série histórica mantida pelo Cepea. Em 2020/21, a Conab estima que os produtores deverão colher 108 milhões de toneladas do cereal, uma alta de 8,2% comparada à safra anterior.
No entanto, produtores têm enfrentado problemas nas lavouras e na distribuição dos grãos. A longa estiagem provocada pela La Niña retardou o andamento das lavouras da oleaginosa e ainda causa estragos nos milharais.
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Falta de infraestrutura para a soja
A colheita da safra 2020/21 de soja alcançava 59% da área cultivada na terceira semana de março, de acordo com levantamento nacional realizado pela consultoria AgRural. No mesmo período do ano anterior, 66% das lavouras já haviam sido colhidas.
Segundo estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a falta de infraestrutura para o escoamento da produção e o excesso de chuvas em algumas regiões, como o Mato Grosso, devem deixar um volume recorde de 100 milhões de toneladas do grão sem armazenamento em 2021. Para não perder o grão, sojicultores utilizam silos em formato de bags.
Apesar do alto preço e do recorde de produção, as exportações do produto para a China caíram de 5,14 milhões de toneladas, nos dois primeiros meses de 2020, para 1,03 milhão, em janeiro e fevereiro de 2021, uma redução de 80%. Enquanto isso, as compras chinesas da soja americana praticamente dobraram, saindo de 6,1 milhões, em 2020, para 11,9 milhões de toneladas, em 2021.
Risco de quebra de safra do milho
A AgRural informa que 90% da área prevista para a safrinha de milho 2021 estava semeada no Centro-Sul do Brasil. No mesmo período do ano anterior, 96% das lavouras estavam plantadas. A consultoria afirma que as chuvas registradas em áreas do Mato Grosso do Sul propicia condições para o desenvolvimento das plantações.
Entretanto, os produtores do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul temem uma quebra de safra de milho por conta do longo período sem chuvas e da praga cigarrinha que atingem a Região Sul. A diminuição da produtividade do cereal preocupa principalmente os avicultores catarinenses e gaúchos, que podem ter de interromper a produção de aves e ovos por conta da falta do grão, principal fonte de alimentação dos animais.
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Fonte: Centro de Pesquisa Econômica Aplicada (Cepea), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).