O consumo de etanol no mundo pode aumentar nos próximos 10 anos, segundo Myke Dwyer, economista chefe do U.S. Grains Council, o Conselho de Grãos dos Estados Unidos. Ele afirma que a produção do combustível atingiu 110 bilhões de litros em 2018 e pode crescer, significativamente, com o desenvolvimento de políticas públicas no Brasil e na China e o crescimento da produção nos Estados Unidos.
Ryan Le Grand, presidente e CEO do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGC), disse que vários países anunciaram, nos últimos 18 meses, políticas públicas que incentivam a produção e o uso do etanol. As declarações foram feitas na Cúpula Mundial do Etanol, realizada em 14 de outubro em Washington (EUA).
De acordo com a Agência Internacional de Energia, o uso de biocombustíveis no setor de transporte deve aumentar 25% nos próximos 5 anos, e o etanol representará dois terços do crescimento mundial de biocombustíveis convencionais entre 2018 e 2023. A Ásia oferece o maior potencial de crescimento no curto prazo por conta do aumento da preocupação com o meio ambiente.
O maior produtor de etanol do mundo são os Estados Unidos, responsáveis por 16 bilhões de galões em 2017. O segundo maior é o Brasil. Juntos, os dois países produzem 85% de todo o etanol do mundo, segundo dados do United States Department of Energy, o Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Cerca de 10% da produção global de etanol é vendida no mercado mundial, sendo 61% do comércio pertencentes aos Estados Unidos. O Brasil fica logo atrás como produtor e é o segundo em exportações, respondendo por um quinto das vendas.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) afirma que cerca de 35% a 40% da safra de milho dos EUA são usados para produzir etanol, enquanto o Brasil utiliza as plantações de cana-de-açúcar para produzir esse tipo de combustível.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil registrou oferta recorde de etanol na safra 2018/2019, com produção de quase 10 bilhões de litros de etanol anidro e cerca de 23 bilhões de litros de etanol hidratado.
Segundo dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, houve crescimento de 28,5% na exportação de etanol brasileiro no primeiro semestre de 2019 em comparação com o mesmo período do ano passado. A receita alcançou US$ 86,8 milhões até junho deste ano.
Durante a Cúpula Global do Etanol, os palestrantes lembraram que esse tipo de combustível reduz a dependência do petróleo e pode ajudar os países a cumprirem a redução de gases do efeito estufa imposta pelo Acordo de Paris.
A RenovaBio é uma política de Estado para garantir segurança energética e reduzir a emissão de gases do efeito estufa, a fim de cumprir todos os compromissos do Acordo de Paris por parte do Brasil. O programa será colocado em prática a partir de 2020.
Impactos ambientais
Apesar de o etanol ser uma fonte de energia limpa e renovável, a produção desse tipo de combustível causa grandes impactos ambientais. Compactação do solo por máquinas pesadas, contaminação de corpos d’água por uso intenso de agrotóxicos e fertilizantes e poluição do ar são alguns dos problemas causados pela geração do etanol. Além disso, as plantações de milho ou cana-de-açúcar causam interferência na biodiversidade local, já que é preciso destruir a área natural para o plantio.
Para a produção de milho é necessário o uso de fertilizantes à base de nitrogênio para adubação do solo. Já nas plantações de cana-de-açúcar existe a queima da palha, que causa grande impacto climático pela presença do óxido nitroso dos fertilizantes e do dióxido de carbono das queimadas. Segundo um artigo científico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), a produção do etanol pode gerar impactos ambientais significativos que muitas vezes são desconhecidos pela população.
Em estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), constatou-se que a produção do etanol a partir da cana-de-açúcar gera sérios problemas ambientais, pois é preciso realizar um tratamento químico para neutralizar o caldo da cana, com a queima do bagaço em caldeiras para gerar calor e eletricidade.
De acordo com os pesquisadores, há meios de mitigar os impactos, e algumas medidas são realizar a colheita mecânica da cana-de-açúcar ao invés da queima, utilizando a palha para geração de energia elétrica; implantar filtros de purificação nas saídas de gases e vapores das máquinas; e fazer o tratamento e a reutilização da água usada nos processos de fermentação e de destilação.
Fontes: IFSP, UFMS, Ministério de Minas e Energia, USDA, Investe São Paulo, US Department of Energy, U.S Grains Council, Cúpula Global do Etanol, IEA.