Os incêndios florestais causaram mais de R$ 1,1 bilhão em prejuízo entre 2016 e 2021, com 70% das perdas registradas na agropecuária
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Os incêndios florestais geram prejuízos para a agricultura e, além de reduzir a biodiversidade e a degradação do solo, podem contaminar a água potável de forma duradoura. As queimadas provocaram perdas de mais de R$ 1,1 bilhão nos últimos seis anos, segundo dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
A maior parte desse volume (mais de R$ 800 milhões) é referente aos danos causados na agricultura e na pecuária. O Centro-Oeste é a região mais atingida, com 75% do prejuízo estimado pela CNM, sobretudo os Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, importantes regiões para o agronegócio brasileiro.
O problema continua a se agravar. A ocorrência de incêndios florestais bateu recorde em maio no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Desse modo, foram registrados 2.287 focos na Amazônia, o maior número para o mês nos últimos 18 anos, e outros 3.578 focos no Cerrado, o mais alto para o mês de maio desde 1998.
As queimadas eliminam a vegetação responsável por evitar a erosão do solo. Quando ocorrem as chuvas, os sedimentos carbonizados são carregados para os rios e para os reservatórios, que são utilizados no fornecimento de água potável para animais e seres humanos, alterando as características dos ambientes aquáticos.
Em locais queimados, a água de poço aberto apresentou uma alta dos índices de cálcio, magnésio e nitrato, conforme um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A contaminação persistiu durante meses após a ocorrência do fogo e foi maior nos períodos chuvosos do que nos de seca.
Isso gera custos extras para o tratamento adequado do recurso hídrico. Os compostos orgânicos das cinzas podem reagir com as substâncias usadas para “limpar” a água, produzindo subprodutos com o potencial de causar câncer. Assim como os hidrocarbonetos, os metais pesados liberados durante o fogo podem permanecer no ambiente durante muito tempo.
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Os incêndios florestais também podem provocar a liberação de substâncias nocivas em sistemas de irrigação e encanamento que utilizam produtos derivados do petróleo. Por serem mais baratos, tubos e mangueiras de policloreto de vinila (PVC) e outros materiais plásticos são largamente usados nas propriedades rurais e na construção civil.
O problema é que esses elementos têm uma baixa resistência ao calor. Ao serem aquecidos, acabam liberando mais de cem substâncias químicas que são misturadas à água. Tudo isso pode provocar uma contaminação generalizada difícil de ser revertida, inclusive em áreas urbanas distantes dos focos de fogo.
Testes realizados por pesquisadores da Purdue University, dos Estados Unidos, mostraram níveis de benzeno 40 vezes superiores aos aceitáveis na água potável de áreas urbanas da Califórnia após os incêndios florestais. A substância continua a ser liberada mesmo após o resfriamento dos canos danificados pelo calor durante meses e até anos.
Fonte: Ecycle, Environmental Science: Water Research & Technology, Câmara de Deputados, Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)