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Como a safra de grãos 22/23 do Hemisfério Norte afetará o Brasil?

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A invasão militar na Ucrânia pela Rússia aumentou de forma significativa a incerteza das condições de ofertas e demandas agrícolas globalmente. O Hemisfério Norte abriga os principais produtores e exportadores de grãos, e as lavouras da região devem definir as tendências de preços nos mercados em todo o mundo.

Confira as projeções para a safra de grãos 2022/2023 no Hemisfério Norte e os impactos no agronegócio brasileiro.

Trigo

A produção global do trigo em 2022/2023 deverá cair para 774,8 milhões de toneladas, 4,5 milhões abaixo do 2021/2022, pressionando as cotações, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Enquanto Ucrânia e Marrocos sofrem com uma redução no volume produzido, os Estados Unidos (EUA), o Canadá e a Rússia devem aumentar suas lavouras.

O Brasil importa cerca de 60% do trigo que consome. Apesar de Rússia e Ucrânia responderem por 30% das exportações mundiais, os brasileiros importam dos Estados Unidos e da Argentina. Dessa forma, o mercado nacional será afetado indiretamente pela alta internacional, avalia a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

Arroz

Mercado asiático será a principal influência para a cotação do arroz durante a safra 22/23. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A produção de arroz deve registrar um marco histórico na próxima safra, com 515 milhões de toneladas produzidas, segundo o USDA. O resultado é impulsionado por colheitas maiores na Ásia, como Índia, Indonésia e Bangladesh; no entanto, o consumo global também deve aumentar, puxado pela China, mantendo o balanço apertado e sustentando as cotações.

O Brasil não se relaciona com os principais produtores e consumidores globais de arroz. O País importa o grão do Paraguai e exporta para Europa, Chile e Venezuela, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz). Ainda assim, as cotações internacionais afetam os preços praticados por produtores e importadores brasileiros.

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Milho

O milho deve ter uma redução de volume de 36 milhões de toneladas em relação à safra anterior, com uma colheita de 1,18 bilhão de toneladas. A diminuição da produção na Ucrânia, nos EUA, na China e na União Europeia deve superar o aumento recorde esperado para as lavouras no Brasil e na Argentina, aponta o USDA.

De acordo com a projeção do Rabobank, os produtores brasileiros deverão registrar uma exportação recorde em 2022 com o embarque de 42 milhões de toneladas do cereal. A tendência é de elevação nos preços da próxima safra no mercado internacional, que também deverá puxar a cotação do grão no Brasil.

Soja

Brasil será beneficiado com o aumento da demanda de soja causado pela queda na produção de oleaginosas na Ucrânia. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A redução da produção de oleaginosas por parte da Ucrânia deve impulsionar a demanda global pela soja, que registrará um crescimento de 13%, alcançando 395 milhões de toneladas, como projetou o USDA. O Brasil será um dos principais beneficiados e deve produzir um recorde de 149 milhões de toneladas — 45 milhões de toneladas a mais do que a temporada anterior.

A ocorrência de chuvas abaixo do esperado e as temperaturas elevadas atrasaram o início da safra nos Estados Unidos, principal produtor global do grão, e podem comprometer o desenvolvimento das lavouras. Caso isso seja confirmado, os estoques globais da soja podem se reduzir ainda mais, colocando uma pressão extra nas cotações.

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Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz), Associação Brasileira Indústria Trigo (Abitrigo)

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