Como a ressonância magnética ajuda na avaliação de carnes?

26 de junho de 2022 4 mins. de leitura
A ressonância magnética, utilizada largamente para exames de saúde humana, pode agilizar avaliação da qualidade da proteína animal

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A ressonância magnética, no imaginário popular, está relacionada aos exames de saúde humana, mas a tecnologia também pode ser útil para a avaliação da qualidade da carne bovina. A técnica proporciona imagens tridimensionais detalhadas de forma não invasiva, capaz de detectar alterações nos produtos.

A ferramenta utiliza ímãs poderosos para produzir um campo magnético que força o alinhamento dos prótons e, então, uma corrente de radiofrequência é pulsada, fazendo que os prótons sejam desorganizados. Quando essa corrente é desligada, as partículas se realinham, e os sensores conseguem identificar a diferença das substâncias pela energia liberada.

Diferentemente dos equipamentos de tomografia computadorizada, que podem ser utilizados tanto em humanos quanto em animais, os scanners de ressonância magnética não utilizam a radiação ionizante. Assim, o uso deles é seguro, pois a tecnologia não oferece risco de alterações genéticas nem para a qualidade da carne.

Vantagens da ressonância magnética no agronegócio

(Fonte: Victor Ostuka/Embrapa/Reprodução)
As amostras são preparadas e analisadas de forma rápida com o novo equipamento. (Fonte: Victor Ostuka/Embrapa/Reprodução)

Os equipamentos de ressonância magnética podem ser utilizados para analisar alimentos processados ou in natura sem a necessidade de mão de obra especializada ou de forma automatizada por robôs. A tecnologia pode ser aplicada para identificar o teor de açúcar de frutas, sementes e até a qualidade do azeite e do vinho sem gerar resíduos.

Na pecuária, a principal vantagem da ferramenta é realizar estudos sobre o marmoreio da carne bovina, avaliando a quantidade e a distribuição da gordura com precisão, além da suculência e da maciez. Os resultados das análises por ressonância magnética são rápidos, levando apenas alguns segundos para ficarem prontos.

A tecnologia permite aumentar e melhorar a eficiência dos processos agroindustriais, tendo um reflexo direto no lucro do agronegócio. A ferramenta pode ajudar a reposicionar a proteína brasileira no mercado internacional, ajudando os produtores a readequar a cadeia produtiva para atender a uma demanda qualificada.

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Primeiro equipamento comercial no Brasil

(Fonte: FIT/Divulgação)
O aparelho de ressonância magnética tem diversas aplicações dentro e fora do agronegócio. (Fonte: FIT/Divulgação)

Um equipamento de ressonância magnética, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com a startup Fine Instrument Technology (FIT), conseguiu o primeiro registro comercial do Brasil. O SpecFIT pode avaliar o teor de acidez, umidade e gordura de carnes, grãos, polpas de frutas e de qualquer produto da indústria alimentícia.

O equipamento é portátil e carrega os dados em nuvem, podendo ser integrado a máquinas que utilizam Inteligência Artificial (IA) em suas operações. A ferramenta é de fácil manuseio e necessita de pouca manutenção.

A tecnologia pode ser utilizada em toda a cadeia produtiva, desde fazendas às gôndolas do supermercado e até mesmo fora da produção de alimentos. O primeiro equipamento comercializado está sendo utilizado para a análise da porosidade de rochas na exploração de petróleo.

O próximo passo do SpecFIT é validar os métodos testados em laboratório para que as aplicações na carne bovina sejam reconhecidas oficialmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

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Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Revista Cultivar

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