Broadcast: confira a cobertura do terceiro dia do evento Summit Agronegócio 2022

23 de novembro de 2022 6 mins. de leitura
O Summit Agronegócio 2022, realizado pelo Estadão, reuniu diversos especialistas do setor para debater temas importantes. Confira.

Summit/Fiagril/Belagrícola/Chan: acho muito difícil haver boicote ambiental em relação a commodities

Por Isadora Duarte e Tânia Rabello

São Paulo, 09/11/2022 – A diretora de Investimentos da empresa chinesa Dakang Brazil, Amy Chan, considera “muito difícil” haver boicote ambiental por parte do governo chinês em relação a commodities. “Não acho que a China será autossuficiente em soja. “Acho que essa possibilidade (de boicote) tem de ficar com os consumidores, tanto os finais quanto empresas e restaurantes, que são empresas que precisam ter responsabilidade sobre isso com seu consumidor. Acho muito difícil um boicote em soja, por exemplo, passando pelo governo e pela cadeia de valor”, disse Chan durante o Summit Agronegócio Brasil 2022 “Desafios à frente”, promovido pelo Estadão, que começou na última segunda-feira (7) e se estende até hoje. No Brasil, a companhia controla as empresas Fiagril, Belagrícola e Fex Agro. Chan é membro do Conselho da Fiagril, Belagrícola e Fex Agro.

Chan não vê com preocupação eventual possibilidade de a China aplicar legislações restritivas sobre os produtos agrícolas brasileiros importados, como a que está sendo discutida pela União Europeia. “Até agora vejo China muito mais reativa no meio ambiente do que proativa em meio ambiente. China tem problema grande com poluição, que precisa enfrentar. Tivemos falta de agroquímicos aqui no Brasil por causa do fechamento de plantas industriais lá na China por causa da poluição”, avaliou.

Também presente no evento, a sócia-diretora da consultoria Vallya Agro, Larissa Waccholz, disse ver espaço para diálogo entre Brasil e China tanto na colaboração de metodologias de verificação de produtos de baixo carbono e na agricultura de baixo carbono quanto sobre realidade ambiental do País. “Não vejo esse espaço mais com a Europa. Vejo espaço com a China, mas não diálogo intenso. Não vejo o Brasil aproveitando esse espaço adequadamente. Conversar exaustivamente com a China sobe isso deveria estar no nosso planto estratégico com eles”, observou.

Waccholz descartou risco de os chineses carimbarem produtos brasileiros como “não compráveis” por problemas ambientais, mas citou outras medidas que possam ser adotadas neste sentido pelo país asiático. “Se não formos proativos, tenho receio de que podemos ser surpreendidos com alguma norma chinesa. Não podemos ignorar o fato de que alguma medida possa acontecer, ainda que a segurança alimentar seja prioridade absoluta na China”, acrescentou.

Segundo a consultora, que foi assessora especial em assuntos relacionados à China no Ministério da Agricultura, a segurança e soberania alimentares seguirão sendo estratégicas para a China. Mas ela teme que possa aderir à pressão internacional nas questões ambientais. “A adesão dela (China) ao debate do clima está atrelada à segurança alimentar. A China sabe que precisa combater questões de meio ambiente para isso. Por outro lado, a reputação internacional positiva também é fundamental para os chinês. Meu receio é de que eles possam aderir à pressão dos europeus porque olham para a Europa como exemplo de políticas públicas e regulatórias e porque são cobrados por serem nossos maiores compradores de produtos agrícolas”, afirmou. Ela classificou a posição da China no meio ambiente como “complexa”.

Summit/Insper/Jank: índia é grande mercado potencial, mas país ainda é muito fechado

Por Tânia Rabello e Isadora Duarte

São Paulo, 09/11/2022 – Ao defender a ideia de que o agronegócio brasileiro precisa diversificar mercados, o professor sênior de agronegócio global e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, disse há pouco que dois grandes potenciais mercados futuros estão na Ásia – além da China -, como o Sudeste Asiático, com Indonésia, Malásia e Vietnã, e Índia. Mas a Índia “ainda é muito fechada”, porque a maior parte da população vive na área rural. Para que o país se transforme em grande consumidor dos alimentos brasileiros, precisaria, como a China fez, deslocar milhões de pessoas para a classe média urbana. “A China deslocou, nos últimos anos, 200 milhões de habitantes para a classe média urbana”, ressaltou. “Mas a Índia não tem como fazer esse movimento.”

Jank participou, nesta manhã, de painel no Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo. Ele mencionou que a Ásia, juntamente com a China, já absorve 67% das exportações brasileiras do agronegócio. “A Índia representa menos de 2%.” Mesmo assim, o professor defendeu que o Brasil busque países populosos para suas exportações. “Mas não estamos lá ainda, tirando a China.”

Ainda sobre a Índia, Jank lembrou que embora o país não consuma muita proteína animal – que é um dos pontos fortes do agronegócio brasileiro -, “consome proteína vegetal, como pulses (lentilha e grão-de-bico, por exemplo) e lácteos”. “Vale a pena trabalhar nesses nichos em cada um desses mercados.”

Jank ressaltou, porém, que embora o governo brasileiro “esteja nesses lugares”, com 28 adidos agrícolas em vários países. “Quem não está presente é o setor privado e ele tem que estar lá”, advertiu. “Não adianta só ir para Brasília.”

Ainda sobre os potenciais mercados externos, Jank avaliou que se hoje o foco é a China, daqui a 20 anos será o Sudeste Asiático e, daqui a 40 anos, a África – que, inclusive, deve também se tornar grande produtor de alimentos a partir da transformação das savanas em áreas agrícolas, tomando-se como base o que aconteceu no Cerrado brasileiro, que tem solo e clima semelhantes.

Summit/Insper/Jank: rumo inaugurou trecho de ferrovia em mato grosso que vai favorecer milho

Por Tânia Rabello, Isadora Duarte

São Paulo, 09/11/2022 – O trecho da ferrovia da Rumo de Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, com 680 km, vai beneficiar o milho, de acordo com o professor sênior de agronegócio global e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, que participa, nesta manhã, de painel no Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo Jank, dos anos 1990 até 2010 o Brasil era basicamente autossuficiente em milho e exportava pouquíssimo. “Hoje já são entre 30 milhões e 40 milhões de toneladas de milho saindo por ano”, disse.

Na avaliação do professor, o milho vale menos que a soja, mas o crescimento das exportações deve integrar uma estratégia de diversificação de produtos e abertura de novos mercados. “Nós abrimos a porta do mercado chinês para o farelo de soja, mas ela é complicada. Precisamos diversificar produtos e direcioná-los para outros mercados, principalmente na Ásia. Temos muito potencial no sudeste da Ásia e outros lugares”, afirmou.

O professor ainda lembrou que, nessa estratégia, o Brasil deve intensificar os embarques de carne para a China devido ao valor agregado do produto. 

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