Produtores de cana-de-açúcar, principal matéria-prima do biocombustível, articulam-se para prover alternativas ao carro elétrico no Brasil
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Uma das atuais tendências do setor automobilístico mundial é o investimento em formas de transporte sustentáveis, com um destaque especial para o carro elétrico. Seguindo a proposta do Acordo de Paris, a União Europeia tem o intuito de barrar a circulação de carros movidos a combustíveis fósseis até 2050, mas tenta antecipar o ato para 2025.
De acordo com a consultoria sueca EV-Volumes, o mercado europeu notou um crescimento de 137% na compra de veículos elétricos, com 14 milhões de aquisições em 2020. A Noruega é um exemplo desse esforço, sendo o primeiro país no mundo onde a compra de carros elétricos representou 50% das aquisições de veículos em 2020.
Segundo dados do InfoMoney, o Brasil segue a tendência e registrou a compra de 1,6 mil carros elétricos ou híbridos em janeiro de 2020 — um aumento de 320% quando comparado ao mesmo mês em 2019. No entanto, essa ascensão do automóvel elétrico está preocupando o setor do etanol brasileiro, que teme sofrer com a nova alternativa.
No Brasil, a principal fonte do biocombustível é a cana-de-açúcar, que apresenta um cenário positivo para a safra de 2021/2022. A matéria-prima é um dos carros-chefes do agronegócio brasileiro.
O País é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com uma previsão de 630 milhões de toneladas para essa safra, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Na produção global de etanol, o país também é destaque, ocupando o segundo lugar com uma produção de 35,5 bilhões de litros do biocombustível — atrás apenas dos Estados Unidos.
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A possibilidade da presença do carro elétrico em território brasileiro está, portanto, movimentando uma insegurança forte no setor.
Aqueles que trabalham com o biocombustível afirmam que o carro elétrico é uma solução criada pelos países que ainda não têm uma opção sustentável, não sendo o caso do Brasil. Segundo Ricardo Mussa, CEO da Raízen, o País já tem o etanol e não necessita de uma eletrificação dos veículos.
“Quando se põe o etanol na mesma régua, vemos que ele é menos poluente que o carro elétrico”, defendeu Mussa, durante o evento Rio Oil and Gas. O CEO da Raízen afirma isso a partir da cadeia de produção completa, ponto no qual ele acredita que o biocombustível impacta de forma menos negativa no meio ambiente.
Uma das maiores preocupações do setor é de que o mercado do etanol e os empregos da área acabem ficando obsoletos caso o carro elétrico se torne hegemônico.
Existe uma alternativa que juntaria os interesses dos veículos elétricos e do setor de biocombustível: a Célula de Óxido Sólido (SOFC). Essa é uma opção para a movimentação de baterias dos automóveis elétricos que pode utilizar também o etanol.
Entretanto, o mercado mundial está seguindo em outra direção. A tendência é de que as baterias sejam abastecidas por meio de células de Membrana de Troca de Prótons (PEM), por serem mais duráveis, por ligarem de forma mais rápida e serem mais seguras, já que esquentam menos durante o funcionamento.
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Fonte: Indeevs, WebMotors.