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Anunciado pela Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) nas primeiras semanas de março, o aumento de 24,9% no preço do diesel nas distribuidoras está causando grandes preocupações no agronegócio. Sendo o combustível que move o setor de diversas formas, os reflexos dessa nova e expressiva alta devem ser negativos, podendo até prejudicar as próximas safras.
O aumento é consequência direta da guerra na Ucrânia, uma vez que a Rússia é um dos principais produtores de petróleo no mundo e as sanções ao país retiraram milhões de barris do mercado internacional, pressionando as cotações. Com o petróleo mais caro, chegando a US$ 130 por barril, a Petrobras precisou fazer reajustes no mercado interno.
Na prática, o diesel nas distribuidoras saltou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, passando de R$ 6 nas bombas em vários Estados. Analisando os últimos 12 meses, o aumento chega a 46,8%, segundo números divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
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A alta nos preços do combustível é preocupante porque impacta diversas etapas da produção agropecuária. A primeira delas, naturalmente, é o frete; não apenas o transporte dos produtos finais do campo para a cidade deve ficar mais caro como também o deslocamento de insumos, gerando um efeito cascata no setor.
É inviável para as transportadoras manter o custo do frete inalterado com tamanho aumento no preço dos combustíveis, já que, para as empresas, ele corresponde a cerca de 35% das despesas, podendo chegar a 50% para os autônomos.
O agronegócio também precisa do diesel para o uso de diversos tipos de maquinário, como tratores, colheitadeiras e geradores de eletricidade. Sendo assim, o preço do combustível tem impacto direto nos custos de produção, que podem aumentar 90% no cultivo de grãos, de acordo com estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Possíveis problemas nas próximas safras
Por mais que o maior aumento tenha sido aplicado em março de 2022, uma tendência de alta era observada desde o ano anterior. Contudo, as elevadas cotações das commodities no mercado internacional (e o dólar alto) permitiram que os produtores processassem grande parte desse custo sem repassá-lo.
No atual cenário, os produtores podem decidir cortar custos em algumas frentes, podendo até diminuir a área plantada em certas culturas. Os grãos deverão ser priorizados porque continuam sendo bem pagos no exterior, então podem faltar produtos para o mercado interno, pressionando ainda mais a inflação nos supermercados.
A saída para essa crise não é fácil, e o governo estuda financiar o congelamento de preços de combustíveis, cortar impostos ou subsidiar categorias mais vulneráveis. Para o agronegócio, outra saída é acelerar a transição energética para fontes além do petróleo, como a solar. Em curto e médio prazos, entretanto, os impactos negativos deverão ser sentidos por todos.
Fonte: Estadão Economia, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.