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De acordo com o relatório O Estado das Florestas do Mundo, atualizado anualmente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a expansão de áreas para o agronegócio é o principal causador do desmatamento no mundo.
Os grandes latifúndios, que criam gado ou plantam soja, por exemplo, foram responsáveis por cerca de 70% da derrubada de florestas na América Latina entre 2000 e 2010, enquanto a agricultura de subsistência desmatou 20%. Os outros fatores somados, como expansão urbana, mineração e obras de infraestrutura, não chegaram a 10%.
No Brasil, especificamente, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que a taxa de desmatamento na Amazônia, que diminuiu em todos os anos de 2004 a 2012 (com exceção de 2008), voltou a aumentar em 2013. Em 2018, atingiu o pior índice em 11 anos, com crescimento de 30% na derrubada de árvores.
Em contrapartida, cada vez mais especialistas argumentam que o agronegócio não precisa desmatar para crescer e ainda pode ser beneficiado pela conservação do meio ambiente, que ajuda a manter as condições climáticas ideais para a agropecuária e abre portas no comércio exterior. Inclusive, há amostras de crescimento sustentável no Brasil, onde os produtores estão constantemente adotando novos equipamentos, melhoramentos genéticos e técnicas superiores de manejo, que permitem obter mais alimentos em uma mesma área.
A produtividade de grãos por hectare, por exemplo, cresceu 346% para trigo, 317% para arroz e 270% para milho desde a década de 1970. Dessa forma, o Brasil saltou de uma safra de grãos de 38 milhões de toneladas (1975) para 245,8 milhões (estimativa para 2020), tornando-se um dos maiores produtores de alimentos do mundo.
Benefícios ambientais e econômicos andam juntos
Um dos principais causadores do desmatamento é a pecuária. Os produtores têm o costume de abrir novas áreas para gado sempre que o solo de uma se empobrece pelo uso inadequado, porém há métodos para evitar isso, como o Pastoreio Racional Voisin (PRV), em que o pasto é dividido em cercados e a criação fica em apenas um deles; assim que uma área se degrada, os animais vão para outra enquanto a anterior se recupera.
Segundo um estudo publicado pela revista Science em 2016, a criação de novos métodos de manejo é uma das quatro medidas que podem contribuir para o aumento da produção sem ampliação do desmatamento. As outras seriam certificação de produtores que cumprem a lei, subsídios governamentais para aqueles que preservam o meio ambiente e melhor divisão das áreas que precisam ser protegidas.
Essas ideias valem também para a agricultura, pois métodos inovadores podem ajudar a aumentar a produção e a proteção ao meio ambiente ao mesmo tempo, como é o caso da agrofloresta. Nesse sistema, as culturas agrícolas são plantadas em meio às mudas de árvores, gerando benefícios para todas as espécies e para a conservação do solo.
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Fonte: Fapesp, BBC, Agência de Notícias Mongabay, Science, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Embrapa.