Associação Brasileira da Indústria do Café publicou nota esclarecendo que os boatos sobre presença de sangue de boi no café a vácuo não passam de fake news
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Recentemente, uma mensagem viralizou por aplicativos de mensagem com um áudio avisando sobre a prática utilizada por empresas de misturar sangue de boi no café moído e embalado a vácuo. O alerta, entretanto, é falso.
Para esclarecer o assunto, a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) publicou no dia 4 de fevereiro uma nota afirmando que tais acusações são completamente infundadas, destacando que os cafés certificados pela empresa são analisados e monitorados periodicamente, passando por um rigoroso controle de qualidade. Além da declaração da ABIC, outras características do conteúdo espalhado dão fortes indícios de que se trata, realmente, de fake news.
Em dois minutos e 40 segundos de áudio, uma voz masculina relata que esteve no Espírito Santo para descarregar café, sem especificar exatamente onde, e notou caminhões-tanque suspeitos no local. Então, afirma ter conversado com o motorista de um desses veículos, o qual, por sua vez, teria confirmado estar levando um carregamento de sangue de boi destinado à mistura com o café moído e citado nomes de empresas supostamente envolvidas. O objetivo, de acordo com o áudio, seria aumentar o peso e o volume das embalagens a vácuo.
Apesar de a notícia ser chocante, não há fontes confiáveis que corroborem com as afirmações veiculadas. Um exemplo disso é que, antes de o áudio se espalhar rapidamente pela internet, não existiam menções relacionadas à presença de sangue de boi no café. As únicas referências que continham os termos eram encontradas em entrevistas com uma barista e um cafeicultor, em 2016 e 2018. Nelas, ambos os profissionais realizaram comparações para explicar a diferença entre a qualidade dos produtos nacionais embalados a vácuo e a qualidade das marcas mais caras ou importadas. Essas comparações citavam a marca de vinhos Sangue de Boi.
Acompanhando o áudio, algumas fotos de tanques com líquido vermelho e caminhões foram encaminhadas. Nenhuma delas exibe qualquer parte do processo denunciado. Além disso, o narrador, um suposto motorista de caminhão, é anônimo. Ou seja: não existe prova alguma de que empresas adicionem sangue de boi ao café.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue as diretrizes de um regulamento específico que visa fixar a identidade e as características mínimas de qualidade a que devem obedecer o café torrado. Além de definir os itens que podem receber essa classificação, quaisquer adições devem ser devidamente identificadas. Em caso de descumprimento das normas, são aplicadas penalidades variadas de acordo com a infração.
Em uma simples rotina de fiscalização, o fato denunciado seria facilmente identificado pelas técnicas atuais de detecção de adulterantes, baseadas na visualização por microscopia e macroscopia. Os responsáveis, por sua vez, seriam penalizados.
A nota emitida pela ABIC ressalta: “Reforçamos a necessidade dos industriais, profissionais do agronegócio e dos consumidores de não compartilhar informações que possuam origem duvidosa ou que não sejam fidedignas, tendo em vista a crescente distribuição deliberada de desinformação e boatos, as fake news (notícias falsas)”. Portanto, independentemente do conteúdo, recomenda-se verificar, sempre, a origem da informação.
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Fonte: Cafeicultura, Anvisa.