O segundo dia de evento apresentou debates importantes acerca do agronegócio. Acesse a matéria completa e saiba mais.
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Por Vinicius Galera, especial para a Agência Estado
São Paulo, 08/11/2022 – CEO da AgTech Garage, um dos mais relevantes hubs de inovação do agronegócio no Brasil, o empreendedor José Tomé participou do Summit Agronegócio Brasil 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, na manhã desta terça (8), e deu dicas para quem deseja participar da maré de inovação cada vez mais crescente no setor.
A AgTech Garage promove conexão entre empresas, startups, produtores, investidores, academia, entre outros atores do ecossistema de inovação e empreendedorismo do agro. O objetivo, segundo a empresa, é fomentar o desenvolvimento de soluções tecnológicas que aumentem a sustentabilidade e a competitividade da cadeia de ag&food tech.
O hub de inovação nasceu em 2016, quando realizou, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o primeiro censo de startups do agro. “Queríamos conhecer os desafios, então juntamos a pesquisa para formatar a AgTech Garage e temos aperfeiçoado o modelo”, disse Tomé.
Ao longo do tempo, a empresa adquiriu experiência ao observar e conectar diferentes modelos tecnologias para compor a ideia do novo negócio. Segundo Tomé, eles saíram na frente e, por isso, acabaram se tornando referência. “Hoje temos mais de 85 empresas parceiras e mais de mil startups participando do hub. Isso tem um enorme efeito de networking. Quanto mais participantes, mais faz sentido para outros participarem. Crescemos de forma consistente e muito rápida, o que nos obriga a desenvolver ferramentas de gestão de processos.”
Com a experiência, a AgTech Garage percebeu como o setor do agronegócio passou a se interessar mais pela inovação nos últimos anos. Para Tomé, o agro é um mercado gigante e representa muito para o País, que tem condições e o propósito de alimentar o mundo. “Acho que no passado quem não estava no agro tinha um certo receio de empreender no setor”, disse. Segundo ele, a pandemia evidenciou a necessidade de inovação diante do mundo de incertezas. Hoje, ele percebe a inovação como um tema mais prioritário nas agendas dos executivos do agro. Tanto que a AgTech Garage quase dobrou de tamanho durante a crise da covid-19. “Vimos muitas startups se reinventarem em seus processos e ganhar poder em maior escala. Houve um momento que o produtor se adaptou e agora está muito mais aberto à inovação.”
A inovação, como sempre, trará novos desafios e oportunidades. “Vamos ver um grande salto nos modelos de negócios quando se fala em tecnologia. Robótica é uma coisa muito forte, sensoriamento e rastreabilidade são fortes também. Isso tudo pode ser integrado. E permite novos modelos de negócios, como o credito diferenciado e inteligente. Então não é só a grande empresa se relacionando com a stratup. O próprio produtor nesse contexto está mais empoderado.”
Para o executivo, as empresas precisam olhar para papel que o produtor pode ter nas startups e buscar mecanismos para se conectar com tudo isso e acelerar. Dessa forma, será possível trazer soluções entre grandes empresas e startups que darão agilidade ao mercado. “Acredito que cada vez mais é uma simbiose. A empresa está aprendendo e criando mecanismos sobre como deve se relacionar com o empreendedor.”
Como um último conselho, ele diz: “Venha para o agro porque o seu conhecimento e inteligência podem complementar. A dica é: olhe para o agro. É um mercado relevante com propósito gigantesco e de portas abertas para conectar produtores e investidores. É um mercado pulsante.”
Por Vinicius Galera, especial para a Agência Estado
São Paulo, 08/11/2022 – A demanda por uma classificação mais eficiente para a soja motivou a Brasil Agritest a buscar um procedimento consonante com os tempos digitais. De acordo como o cofundador da empresa, Thomas Martins Ceglia, nos últimos 40 anos o procedimento de classificação de grãos de soja tem sido o mesmo, feito de forma manual e visual, a olho nu. “Esse processo acarreta em erros motivados pela subjetividade e, principalmente, pela parcialidade”, disse, durante o segundo dia do Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo. O evento prossegue até amanhã, com transmissão online.
Fundada em 2017, a Brasil Agritest pretende oferecer um modelo de classificação mais científico e confiável, por meio de uma ferramenta que deve chegar ao mercado no primeiro trimestre do próximo ano. Segundo Ceglia, desde 2018, por meio de uma cooperação com a Embrapa Instrumentação Agropecuária, de São Carlos (SP), a empresa desenvolve um equipamento para classificar os grãos de forma objetiva, rápida e segura. “Nosso modelo permite dispensar o porte do grão, que é outra necessidade do procedimento manual vigente até hoje”, diz.
O sistema emprega óptica fotônica que permite, através da luz, identificar informações físico-químicas das características dos grãos. A tecnologia está em fase final de desenvolvimento. Ceglia explica que o mecanismo permitirá a agregação de valor para toda a cadeia. Hoje, segundo ele, todo o complexo soja, desde a fazenda até os portos, é afetado pelo gargalo na classificação. “No pós-colheita, toda vez que a soja passa de mão em mão precisa ser novamente classificada. O setor produtivo tem se incomodado um pouco com o fato de a carga vendida ser inspecionada pelo comprador, seja trading ou cooperativa. Então de fato isso ajudaria a apaziguar pelo menos o início dessa cadeira de suprimentos”, disse.
Além disso, o novo processo deve beneficiar as próprias tradings e amenizar o custo logístico provocado pela demora na classificação. “Isso ajudaria consideravelmente todo o complexo soja brasileiro”, diz. O procedimento seria vantajoso para ajudar o Brasil a escoar essa carga de forma pacífica e eficiente, explica.
“Nos últimos anos, temos participado de editais e, neste momento, estamos procurando funding para estruturar a comercialização no Brasil. Segundo Ceglia, além da Embrapa, a empresa tem cinco parceiros que contribuem com a pesquisa. “No momento, estamos fazendo um cronograma de validação com a esfera privada e pública, é um alinhamento para a fase final, de validação”, disse. O passo seguinte é a operação em outros países produtores da América do Sul como a Argentina e o Paraguai.
Por Vinicius Galera, especial para a Agência Estado
São Paulo, 08/11/2022 – Há dois meses em operação no Brasil, a agritech argentina Agrotoken pretende integrar totalmente a cadeia produtiva do agronegócio com a tokenização da produção de grãos, de acordo com o country manager da empresa, Anderson Nacaxe. “A ferramenta chega ao País com o objetivo de digitalizar a soja e o milho de forma que o produtor possa fazer transações financeiras de forma mais ágil e tranquila”, explica.
Pelo processo, a soja e o milho podem ser transformados em ativos digitais. Com isso, é possível fazer a integração entre as pontas do mercado e criar novos modelos de acesso para que pessoas físicas possam comprar diretamente do produtor.
Durante sua participação no Summit Agronegócio Brasil 2022, promovido nesta manhã pelo jornal O Estado de S. Paulo, Nacaxe explicou que o token representa a commodity, o ativo do produtor. “Ele preserva o valor referente ao ativo base. O produtor está querendo se proteger. A solução é comprar insumos como a própria commodity ou utilizá-la como método de pagamento.”
De acordo com o executivo, a complexidade do universo do blockchain não representa dificuldades para o produtor, uma vez que ele conhece muito bem sua produção. “Quando o produtor vê sua produção dentro do celular, ele entende o sistema de uma forma muito fácil. A demanda tem sido grande porque não só produtores, mas revendas e cooperativas estão entendendo o negócio.”
Hoje, a empresa opera quase 300 mil toneladas de grãos entre o Brasil e a Argentina. Nacaxe explica que as alternativas atuais disponíveis no mercado para quem quer investir no agronegócio – inclusive pessoas físicas -, como os contratos futuros de grãos na bolsa B3, são muito complexos. Com a Agrotoken, ele diz, é possível financiar o produtor de forma muito mais simples. “É uma evolução do barter tradicional”, diz ele, referindo-se ao sistema em que o produtor compra insumos de alguma revenda e dá, em pagamento, a colheita da safra futura, em sacas.
Uma das vantagens do sistema de tokenização na comercialização de grãos, segundo Nacaxe, é permitir a realização de negócios em uma escala muito maior do que a realizada em um ambiente de negociação tradicional, como as cooperativas, por exemplo, que geralmente é presencial. “O produtor não assume nenhum risco ao entrar no sistema, é como se ele se conectasse num novo ecossistema que vai muito além das transações diretas com grãos. Nós conseguimos integrar o agro com o ambiente de negócios comum do produtor.”
Segundo Nacaxe, é como se o agricultor olhasse para a soja como um ativo depositado em conta corrente. “Com isso, ele poderá fazer desde negócios tradicionais, como a compra de insumos e implementos agrícolas, até o pagamento de colaboradores ou despesas correntes no cartão, integrando totalmente o que está fora da cadeia produtiva.”
Depois da tonekização, o produtor pode escolher a revenda e fazer o pagamento utilizando seus ativos seguindo o mesmo fluxo do negócio tradicional, com a transferência de valor. “Não é uma promessa de entrega, é a transferência direta. Com a utilização dos criptoativos, é possível criar um lastro para a obtenção de crédito que permitirá a entrada de investidores externos (pessoas físicas).”
Nas próximas semanas, a Agrotoken deve iniciar testes para a implantação de um cartão de crédito com o qual o produtor poderá fazer qualquer tipo de transação. “Nós estamos começando a operação no Brasil. O momento é de criar o ecossistema. O cartão de crédito deve ampliar o poder de compra do produtor. No futuro, vamos integrar o sistema totalmente com o setor financeiro para que a pessoa física possa participar desse ecossistema.”