As exportações de uva, assim como as de outras frutas, caíram no primeiro semestre de 2020, mas sem reverter tendência de alta dos últimos anos
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A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) publicou um artigo, analisando os impactos da pandemia de covid-19 sobre a produção e a exportação de uvas — o país foi atingido em cheio pela crise a partir de março de 2020, durante janela de exportações da fruta.
De fato, as exportações apresentaram queda ao longo do primeiro semestre do ano: 5,8% no volume e 11,5% na receita cambial, que foi de US$ 22,1 milhões. Porém, colocando os dados em perspectiva, eles não parecem tão negativos — o primeiro semestre de 2020 só não foi melhor que o mesmo período de 2019, quando as exportações triplicaram e bateram todos os recordes graças à abertura de novos mercados e ao maior preparo dos produtores para acessá-los.
Em vista disso, as perspectivas para o setor são melhores no segundo semestre — é nesse período que ocorre a safra principal de frutas frescas para exportação. Com a manutenção do mercado externo, conquistado em 2019, as receitas devem voltar a crescer nos próximos meses.
A uva não foi a única fruta fresca que apresentou queda no comércio exterior. Segundo a análise da CNA, a média do setor foi uma queda de 5% no volume e 13% na receita, de modo que a viticultura apenas seguiu essa tendência.
Contribuiu para esse cenário a interrupção das rotas de transporte aéreo por conta da pandemia — esse é principal modal usado para a exportação de frutas frescas. No caso específico das uvas, a CNA argumenta que a receita de exportações também caiu por conta de uma queda na qualidade do produto, causada pelas condições meteorológicas desfavoráveis para a produção da fruta que atingiram as principais regiões exportadoras ao longo do primeiro semestre.
O principal polo produtor de uvas para exportação do Brasil é o Vale do São Francisco, na divisa entre Bahia e Pernambuco. Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) são os dois municípios que mais se destacam. No primeiro, houve um aumento de 21% no comércio exterior, chegando a 1,5 mil toneladas enviadas para fora do país. Enquanto isso, no segundo, houve uma queda de 18,6% — mas o município continuou liderando por uma ampla margem, com exportações de 6,5 mil toneladas de uvas.
A maior parte dessas uvas foi enviada para quatro países: Reino Unido, Estados Unidos, Holanda e Espanha, responsáveis por comprar 93,3% das uvas brasileiras. Os EUA e o Reino Unido, em especial, ficam na liderança, somando quase 3,3 mil toneladas cada. Contudo, enquanto o primeiro aumentou seu comércio com o Brasil em 26,7%, o segundo apresentou queda de 9,9%.
A queda na qualidade das uvas e a menor receita são os indicadores mais preocupantes de acordo com as análises da CNA. Embora o dólar tenha valorizado 37,3% entre dezembro de 2019 e maio de 2020, aumentando as receitas de exportações em moeda nacional, o preço das uvas caiu muito, inclusive no mercado interno: 45,8% em Juazeiro e 53,6% em Petrolina.
Desse modo, a receita dos produtores de uva teve uma redução de 35,9% em Juazeiro e de 28,1% em Petrolina. De acordo com a CNA, o cenário só não foi pior porque os custos de produção se mantiveram estáveis. Esse, aliás, é mais um fator que leva os analistas a acreditarem em um segundo semestre mais positivo — com a manutenção do dólar alto e a retomada do comércio, as receitas devem voltar a crescer.
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Fonte: Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).