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A próxima safra de grãos de inverno da Ucrânia será, pelo menos, 50% menor do que a temporada antes da guerra, em 2021, quando o país colheu 32 milhões de toneladas de trigo. A colheita de 2023 não deve ultrapassar 15 milhões de toneladas, conforme declarou o vice-presidente do Conselho Agrário ucraniano, Denys Marchuk, à Reuters.
“A colheita de grãos de inverno, principalmente trigo e cevada, será de 50% a 70% menor do que em 2022”, disse o diretor-executivo (CEO) da IMC, Alex Lissitsa, à agência Interfax Ucrânia.
A companhia tem, no país, 123 mil hectares de cultivo de cereais e de oleaginosas, além de produção de leite, sendo uma das dez maiores empresas do agronegócio ucraniano.
Até o início de outubro, a Ucrânia semeou 1,1 milhão de hectares do cereal, o que representa apenas 27% da área esperada em relação aos 3,1 milhões de hectares plantados em 2021, na mesma época. Na maioria das regiões, as chuvas atrasaram a colheita e a semeadura dos grãos de inverno, de acordo com uma fonte do Ministério da Agricultura do país.
Cultivo de grãos na Ucrânia foi afetado pela guerra
O conflito provocado pela Rússia desequilibrou totalmente a produção ucraniana. Para a safra 2022, os agricultores plantaram mais de 6 milhões de hectares de trigo de inverno, no entanto as tropas russas ocuparam uma grande parte dessa área. Nesses territórios, há relatos de apreensão de milhões de toneladas de grãos colhidos.
Para a próxima temporada, os agricultores ucranianos estão enfrentando dificuldades de conseguir financiamento para o plantio. Enquanto isso, o custo dos insumos, sobretudo dos fertilizantes, cresceu (também por conta da guerra), mas os preços no mercado interno despencou, comprimindo as margens dos produtores.
Além da redução da área plantada, a falta de adubo deve derrubar a produtividade das lavouras, e não somente pelo preço do insumo. Antes do conflito no Leste Europeu, a maior parte dos fertilizantes utilizados nas lavouras ucranianas vinha da Bielo-Rússia, que tem alinhamento com Moscou.
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Produção global de trigo
Em 2021, a Ucrânia e a Rússia, juntas, foram responsáveis por 30% da produção global de trigo. O volume colhido pelos ucranianos na próxima safra será suficiente apenas para abastecer o consumo local, segundo o CEO da IMC. A demanda local é de aproximadamente 7 milhões de toneladas de trigo e de 4 milhões de toneladas de cevada por safra.
Para 2022/2023, a queda na produção ucraniana de trigo deverá puxar uma redução global em cerca de 7% do volume, projeta o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A União Europeia, a Austrália e a Argentina também deverão diminuir a colheita, enquanto os Estados Unidos, o Canadá e a Rússia devem elevar a produção.
O Brasil espera bater recorde no volume de cereal colhido nessa safra. O País semeou mais de 3 milhões de hectares, a maior área nos últimos 30 anos. A produção é estimada em mais de 11 milhões de toneladas, uma alta de 20% impulsionada pela escassez mundial do grão, mas ainda precisará importar quase metade do trigo consumido.
Fonte: Interfax, IMC Agro, Reuters, World Integrate Trade Solutions (Wits),FarmDoc Daily