Quais são as perspectivas para o preço do algodão na safra 2020?

27 de março de 2020 4 mins. de leitura
Preocupação com coronavírus gera volatilidade nas cotações do produto

O ano de 2020 começou com boas notícias para o setor algodoeiro, que está no meio da safra 2019/2020. Em estimativa de janeiro de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que a colheita atual de algodão deve bater novo recorde, com produção de 7,1 milhões de toneladas de algodão em caroço, um crescimento de 2,7% em comparação com 2019. A área plantada, atualmente em 1,7 milhão de hectares, deve crescer 7,1% neste ano.

(Fonte: Shutterstock)

Em fevereiro, as exportações de algodão brasileiro tiveram aumento de 81,7% em relação ao mesmo mês de 2019, alcançando cerca de 170 mil toneladas embarcadas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. A receita gerada somou US$ 160 milhões, em aumento de 68,3% se comparado a fevereiro de 2019. Os resultados refletem uma safra maior, com a disputa comercial entre Estados Unidos e China, que tornou a fibra brasileira mais interessante para o mercado chinês, e a desvalorização do real frente ao dólar.

Volatilidade da cotação por causa do coronavírus

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China começaram a se estabilizar no fim de 2019 e culminaram com a assinatura de um acordo comercial inicial. Em números divulgados no fim de janeiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 3,3% em 2020, o que deve elevar o consumo de algodão.

Esses números foram desenvolvidos antes do surto de coronavírus e ainda não se sabe muito sobre quanto tempo a epidemia pode durar e os impactos que pode causar na safra algodão. Se as preocupações desaparecerem em breve, poderá haver aumento na demanda, à medida que os pedidos atrasados forem cumpridos e os consumidores chineses liberarem os gastos reprimidos. Se o surto persistir, os pedidos atrasados poderão ser cancelados e os compradores poderão renunciar às compras que teriam feito.

O algodão é um dos produtos que estão sofrendo maior volatilidade em decorrência do temor do avanço da epidemia do coronavírus. A Ásia, epicentro da crise, responde por 85% das exportações brasileiras. Em apenas 8 dias no fim de fevereiro, a pluma registrou queda de 10%, atingindo seu menor valor desde setembro do ano passado. A paralisação das indústrias chinesas e a falta de informação sobre o tamanho da área cultivada na China deixam incertezas quanto à tendência do preço da fibra no mercado mundial.

Os valores dos contratos futuros em Nova York para maio diminuíram e foram negociados em níveis um pouco menores que 1 centavo acima dos contratos futuros de março. Os preços do contrato de dezembro, que refletem as expectativas após a safra 2020/2021, foram negociados um pouco acima dos valores de março e de maio e atualmente estão abaixo de US$ 0,70 por libra-peso.

Mercado interno apresenta alta

(Fonte: Shutterstock)

No fim de fevereiro e começo de março, os preços domésticos do algodão voltaram a subir, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Os valores encontraram suporte no bom resultado das exportações, na valorização do dólar e na expectativa de redução da área de produção nos Estados Unidos para a temporada 2020/2021.

A forte desvalorização do real deve continuar dando suporte à recuperação dos preços domésticos na safra 2020 de algodão. Segundo a Agência Safras, no CIF de São Paulo, a média de preços ficou em R$ 2,88/libra-peso em 4 de março, com alta de 0,21% em relação ao dia anterior, alcançando o maior patamar desde 10 de maio de 2019. Em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto em dólar as perdas acumuladas na cotação do algodão chegaram a 18,3%, o preço na moeda brasileira era 1% inferior. Na quarta-feira (4) de março, no FOB exportação do porto de Santos (SP), a cotação fechou em US$ 0,6398 por libra-peso. Comparado ao contrato de maior liquidez negociado na Bolsa de Nova York (Ice Futures US), o algodão brasileiro está 1,6% acima; há um mês, era negociado por um valor 0,76% mais baixo.

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Fonte: CEPEA, Cottonic e IBGE.

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