Produtividade baixa deve limitar oferta de mandioca em 2020

27 de março de 2020 3 mins. de leitura
A expectativa é que a oferta de fécula e farinha tenha o ritmo diminuído no decorrer do ano

O período de estiagem ocorrido no segundo semestre de 2019 atrasou o plantio de raiz de mandioca em parte do Centro-Sul, e isso deve resultar em uma produtividade abaixo da média em 2020. Esse panorama é previsto pelos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP). Se o cenário se confirmar, a oferta de mandioca para as indústrias de fécula e de farinha deve ser reduzida ao longo do ano.

As estimativas do Cepea indicam que, para o primeiro semestre de 2020, a disponibilidade de mandioca de dois ciclos deve diminuir caso a colheita de raízes mais novas não avance. Tudo será regulado pelos preços. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área ocupada com mandioca em 2018 no Brasil totalizou 1,22 milhão de hectares, o que representou queda de 4,4% em relação ao ano anterior. Esse é um indicador que paralelamente aponta para uma possível menor oferta em 2020.

Quanto aos custos de produção de mandioca, é esperado aumento para 2020, devido aos valores mais altos dos arrendamentos de terra, às altas nos combustíveis e ao aumento do preço de fertilizantes e defensivos importados.

row of cassava tree in field. Growing cassava, young shoots growing. The cassava is the tropical food plant,it is a cash crop in Thailand. This is the landscape of cassava plantation in the Thailand.
(Fonte: Shutterstock)

Expectativas para o mercado de fécula de mandioca em 2020

O volume de fécula não será suficiente para atender a um eventual crescimento na demanda. Vale ressaltar que, em 2019, o Cepea detectou que a produção sofreu queda em relação ao ano anterior. A perspectiva é de que não haja novos players no mercado em 2020, e as movimentações de ampliações, fusões e aquisições não avancem expressivamente, o que poderá reduzir a oferta do derivado de mandioca no mercado.

Assim, a produção brasileira deve continuar voltada à demanda doméstica. Contudo, no atual cenário de alta do dólar — a expectativa do Banco Central é que o patamar acima de R$ 4 perdure por todo o ano —,  as exportações dos derivados podem ser incentivadas, especialmente para os vizinhos da América do Sul.

Expectativas para o mercado de farinha de mandioca em 2020

A expectativa da indústria de farinha é que a demanda aumente em 2020, muito em função do possível avanço do consumo no varejo. Entretanto, o setor projeta que a oferta do derivado não deverá registrar aumento expressivo, devido a uma maior disputa por matéria-prima com as fecularias. Com isso, as margens das indústrias farinheiras devem continuar limitadas em 2020, como nos últimos anos.

Oferta da mandioca aumenta no início da safra, mas deve diminuir gradualmente

(Fonte: Shutterstock)

De acordo com o Cepea, a oferta de raiz de mandioca aumentou em todas as regiões com o início da safra. No momento, o maior volume de raiz no mercado pressiona as cotações, ao passo que a demanda por fécula e farinha diminuiu, já que os compradores têm perdido o interesse em formar estoques — muitos produtores ficam esperando quedas mais significativas no período de safra, deixando para formar estoques a partir de junho. Na primeira quinzena de janeiro, o preço médio da raiz posta na fecularia foi de R$ 466,70 por tonelada (R$ 0,8117 por grama).

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Fonte: Cepea.

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