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Em novembro do ano passado, a Rússia anunciou a suspensão de restrições a 12 frigoríficos brasileiros e assinalou a possibilidade de aumentar as importações das carnes. Agora, devido à eclosão do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e com as diversas sanções impostas à Rússia, dificilmente o país cumprirá a promessa tão cedo.
As restrições à carne brasileira eram justificadas pela alegação do uso do aditivo ractopamina na alimentação das criações — acusação que os produtores brasileiros sempre negaram.
Mesmo assim, a Rússia é o oitavo maior importador da carne brasileira. O país importa mensalmente cerca de 20 mil toneladas de proteína animal, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O setor que mais exporta carne para a Rússia é o de carne de frango, com uma média de US$ 5,5 milhões vendidos mensalmente. Segundo dados das estatísticas do Comércio Exterior (Comex), do Ministério da Economia, a carne bovina movimenta US$ 5,2 milhões, e a suína US$ 3,3 milhões mensais. Somadas, as importações russas de carnes brasileiras totalizam US$ 14 milhões mensais — dos quase US$ 1 bilhão mensal que o Brasil exporta de proteínas animais.
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Como fica a exportação de carnes para a Rússia?
Com a série de sanções impostas à Rússia, lideradas pelos Estados Unidos e por membros da União Europeia, é difícil que as importações de carnes fiquem no mesmo patamar.
Uma das maiores preocupações é honrar os pagamentos, já que muitos bancos russos foram retirados do sistema internacional de transferência bancária (Swift). Para driblar essas sanções, os produtores teriam que procurar meios alternativos para realizar as transações, e é difícil que isso ocorra.
Além disso, existe o problema logístico de fazer a entrega de produtos em uma região em guerra, onde as tensões estão extremamente elevadas. Por enquanto, entretanto, não há notícias de suspensão de negociações de proteína animal brasileira.
No começo de março, a Rússia divulgou uma lista de países considerados hostis, seja por impor sanções, seja por financiar armamentos para a Ucrânia. O Brasil ficou de fora dela, indicando que a postura neutra do País não afetou as relações diplomáticas e comerciais com a Rússia.
Como retaliação pelas sanções impostas, a Rússia anunciou no dia 10 de março que suspenderá as exportações de grãos. O movimento deve alterar o preço de várias commodities mundialmente.
Destino da carne brasileira
Mesmo que ocorra a suspensão ou a diminuição das exportações de carnes para a Rússia, dificilmente o mercado brasileiro será duramente afetado. Em um primeiro momento, o excedente poderia vir para o mercado interno, o que não deve baixar o preço da carne para o consumidor brasileiro. Isso porque a proteína animal continua com patamares elevados nos custos da produção, e o conflito entre Rússia e Ucrânia deve pressionar o preço do milho e da soja internacionalmente.
Com preço das commodities altas, o valor da carne não deve ter variações para baixo no mercado nacional. Além disso, com a retomada de diversas economias após os efeitos mais duros da pandemia de covid-19, o Brasil não deve ter dificuldades de encontrar novos mercados para enviar suas carnes. Vale lembrar que os Estados Unidos, bem como diversos países da Europa e do Oriente Médio, estão enfrentando problemas com a gripe aviária.
Fonte: Expert XP, Compre Rural, Agência Brasil.