Aumento nos preços no mercado nacional e crescimento das exportações estão impulsionando a suinocultura brasileira
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Se 2018 foi um ano de amargos prejuízos para a suinocultura, mas 2019 foi de recuperação e crescimento. Ao longo do período, todos os indicadores de preço dos suínos, tanto do animal vivo quanto da carcaça, registraram sensíveis aumentos de preço, atingindo recordes nominais. Em dezembro de 2019, por exemplo, o indicador do suíno vivo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola de Agricultura da Universidade de São Paulo, atingiu R$ 6,40/kg em algumas praças, frente a R$ 4 no início do ano. Os valores devem se manter elevados em 2020, com a continuidade das exportações e maior procura pela carne suína no mercado brasileiro.
A partir de agosto do ano passado, em especial, a curva ascendente se tornou ainda mais perceptível, com preços chegando à casa dos R$ 6 por quilo do animal vivo. Apesar de uma leve queda em janeiro, os valores continuaram em patamares elevados e voltaram a subir em fevereiro, de acordo com o Cepea.
As exportações também apresentaram grande crescimento, com o envio de cerca de 750 mil toneladas para o exterior, segundo números colhidos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Trata-se do melhor cenário desde 2016, quando a suinocultura brasileira bateu recordes de exportação. Essas movimentações estão diretamente relacionadas: com o aumento da demanda externa, houve menos oferta para o mercado interno, puxando os preços para cima.
Todas as principais proteínas animais apresentaram aumento de preço, mas a bovina foi a que subiu de forma mais expressiva, por isso a carne suína se tornou uma alternativa mais racional para as famílias, que já estavam mais abertas ao seu consumo. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), demonstrou que a procura pela carne suína aumentou 30% nos últimos quatro anos, até 2019.
Com o aumento sensível nas exportações, a oferta no mercado interno foi pressionada e contribuiu para o aumento dos preços. Em 2020, a produção deve crescer, para atender a ambos os mercados: a projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), órgão do governo estadunidense para agropecuária, é que sejam produzidos 4,5% mais suínos no Brasil. Os envios para o mercado externo devem aumentar 15%.
Em 2019, a China ultrapassou a Rússia e se tornou o principal comprador de carne suína brasileira, responsável por mais de 33,7% do volume. A região tem grandes rebanhos desse animal, mas foi severamente afetada por um surto de peste suína africana (PSA), o que causou queda de mais de 25% na produção.
O cenário global é de incertezas, tanto na economia geral como no setor agropecuário em específico: as implicações do coronavírus e a desvalorização do real influenciam o mercado de forma incerta.
Na suinocultura, a USDA prevê diminuição na produção mundial, principalmente na Ásia, que ainda tem muitos focos de peste suína e não teve seus processos normalizados. Os suinocultores brasileiros podem aproveitar esse contexto por mais algum tempo, mas devem estar atentos para uma possível redução na demanda chinesa.
O grande desafio do mercado brasileiro de suínos, entretanto, devem ser os custos de produção. Os grãos apresentaram aumento sensível de preços em 2019. Como milho e soja são os principais insumos utilizados na alimentação dos suínos, o custo de produção foi pressionado significativamente. Segundo o setor de suínos e aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os custos subiram 8,6%. Esse cenário deve se manter até o segundo semestre.
Por mais que as margens de lucro sejam apertadas, os principais dados indicam que 2020 deve ser mais um ano de progressos para a suinocultura brasileira. O crescimento na procura pela carne suína no mercado nacional, as exportações elevadas e os contínuos aumentos de preços devem influenciar positivamente o setor.
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Fonte: Cepea, Suinocultura Industrial, ABPA