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Após a série de sanções impostas à Rússia pelo Ocidente, como consequência pela invasão da Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou em conferência que a situação econômica na Rússia é sem precedentes. Moscou culpa os Estados Unidos e a União Europeia por iniciar uma guerra econômica.
Em contrapartida, o presidente russo Vladmir Putin divulgou uma lista com mais de 200 itens cujas exportações ficarão suspensas até o fim do ano. A lista inclui desde peças de maquinário pesado, itens de tecnologia e de medicina, equipamentos agrícolas, equipamentos elétricos até algumas commodities.
A medida serve para tentar proteger o mercado interno russo da escassez de produtos e também é uma forma de retaliação contra as ações do Ocidente, elevando os preços de determinados itens.
Uma das principais preocupações é o efeito que a falta do petróleo russo pode causar no mundo. As incertezas já fizeram o preço da commodity disparar, com o barril do Brent alcançando US$ 120 e recuando para a casa dos US$ 110 no começo de março. Mas, além disso, várias outras commodities podem ser afetadas pelo conflito, esse é o caso do milho.
A Ucrânia é o quarto maior exportador de milho no mundo, e a Rússia também desempenha importante papel na produção dessa cultura. O início do conflito fez a cotação do milho disparar na Bolsa de Chicago, o produto já alcançou o valor de US$ 7,25 por bushel.
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Efeitos da cotação do milho no mercado nacional
Um dos principais efeitos no mercado brasileiro é a prioridade das exportações e, consequentemente, o risco de desabastecimento e aumento do preço dos derivados de milho. Os compradores das indústrias locais estão receosos em adquirir o milho, que já subiu 10% desde o início dos confrontos, e o trigo, que subiu 30%.
No mercado interno, os preços começaram a refletir o aumento internacional: em uma semana, o preço da saca de milho de 60 quilos paga ao produtor subiu de R$ 90 para R$ 95.
Para os produtores, a oportunidade é ótima para exportação. Com o patamar elevado de preços, 500 mil toneladas já foram negociadas para o exterior no Paraná, em uma semana, com preços bem maiores do que o mercado interno pode pagar.
O milho já vinha com patamares elevados de preço, beirando um recorde, devido à quebra de safra do último ano, fruto das intempéries climáticas. Agora, os preços elevados para exportação são uma opção para os produtores recuperarem as perdas.
Com a preferência na exportação, o mercado nacional deve importar milho. Isso deve elevar o preço de alguns alimentos, principalmente das proteínas animais, já que o milho é um dos principais ingredientes da ração para rebanhos.
Outros efeitos do conflito
Apesar de o Brasil ter mantido as relações com a Rússia, fato que levou o País a ficar de fora da lista de nações hostis divulgadas pelo Kremlin, o conflito deve afetar o agronegócio.
O Brasil importa cerca de 25% de seus fertilizantes da Rússia e, mesmo que as exportações não tenham sido suspensas para o Brasil, nenhuma empresa aceita fazer o seguro de navios que se dirijam para a zona de guerra.
A exclusão de bancos russos da Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT) também impede que os pagamentos sejam realizados.
Esses fatores levaram a ministra da agricultura, Tereza Cristina, a afirmar que os fertilizantes não serão comercializados enquanto houver guerra. Ainda segundo ela, o Brasil procura outros parceiros, como o Canadá, que possam suprir essas necessidades.
Fonte: Nova Cana, O Presente Rural, Tá Sabendo Agronegócio.