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Como a queda da produção chinesa de agrotóxico afeta o agronegócio?

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Os agricultores brasileiros têm pagado mais caro na compra de agrotóxicos desde o início de 2021. O Brasil precisa importar mais da metade dos defensivos agrícolas aplicados em suas lavouras, o que deixa o agronegócio brasileiro suscetível às flutuações do mercado internacional.

O primeiro impacto nos preços foi sentido quando a pandemia provocou efeitos adversos, como a escassez de contêineres e a lentidão nas operações portuárias — causando uma explosão dos fretes marítimos. Agora, o País pode sofrer também com uma elevação de custos por conta da alta dos preços de energia elétrica na China, um dos principais produtores mundiais de ingredientes para os defensivos.

O gigante asiático é responsável por 20% dos agrotóxicos importados pelo Brasil, lembra Guilherme Bellotti de Melo, gerente da consultoria Agro do Itaú BBA. “Um exemplo da importância da China na origem de defensivos é o glifosato, já que mais de 95% do volume é proveniente do país”, afirmou Melo.

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Risco de falta de agrotóxico

Safra de verão não deve enfrentar falta de insumos, mas se situação perdurar, o agronegócio brasileiro pode ser prejudicado. (Fonte: Shutterstock/defotoberg/Reprodução)

A retomada das atividades econômicas e uma maior preocupação com questões ambientais fizeram o preço da energia elétrica disparar na China. Com isso, o ritmo das atividades industriais diminuiu, inclusive com a paralisação parcial ou total de plantas destinadas à fabricação de defensivos e fertilizantes. A eletricidade deve ficar ainda mais cara com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, quando há uma superdemanda de energia.

Essa dificuldade de produção pode levar à redução de disponibilidade e à elevação da cotação dos insumos. Para as lavouras de verão deste ano, a expectativa do consultor é que não ocorram problemas estruturais de suprimento de defensivos agrícolas, “ainda que possam ocorrer problemas pontuais para quem demorou para fazer a aquisição”, alertou o especialista.

Já no caso da safrinha, nas culturas perenes e na safra 2022/2023, a preocupação é maior, especialmente “se todo esse cenário de problema de produção global de defensivos agrícolas perdurar por bastante tempo”, avaliou Melo.

Caso haja uma normalização do comércio global, a situação dos contêineres deverá ser resolvida ao longo de 2022; contudo, no caso da energia, o cenário ainda é de difícil previsão, segundo comentário de Melo. Por isso, a precificação dos insumos para a próxima safra será uma tarefa difícil, provando incerteza dos custos de produção e das margens agrícolas.

Prevenção para o agronegócio

Crise de contêiner deve melhorar em 2022, mas fornecimento de insumos pode demorar para ser normalizado. (Fonte: Shutterstock/Aerial-motion/Reprodução)

“O risco é positivo para o agro como um todo”, considerou o gerente de consultoria Agro. No entanto, o agricultor deve se preparar para um cenário de aumento dos gastos com insumos e a redução das margens de produção.

“Estamos passando por anos de margens bastante elevadas na atividade agrícola para as mais diferentes commodities”, lembrou o consultor. No entanto, Melo alertou que “a história da economia agrícola nos mostra que margens espetaculares não duram para sempre”. Por isso, ele recomenda a manutenção de níveis de liquidez elevados para poder amortecer possíveis choques de custos.

O gerente sugere que o agricultor também pode tentar minimizar eventuais problemas no fornecimento de insumos cultivando uma relação próxima com fornecedores confiáveis. Isso pode garantir uma boa janela de fixação de custos, a partir de um equilíbrio entre preços futuros e cotação de insumos, para evitar uma piora na relação de troca. 

Fonte: Sensix. 

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