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Como a alta do dólar está influenciando os preços na pecuária em 2020

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O real foi a moeda que mais desvalorizou em relação ao dólar no primeiro semestre de 2020, com variação de 25% comparando as médias de janeiro e junho. Naturalmente, isso impactou a pecuária, que depende de diversos insumos importados e movimenta grandes montantes em exportações.

Um estudo da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo detalhou como se deu o impacto do dólar na pecuária. Em primeiro lugar, os custos de produção aumentaram 2% na cria e 14% na recria e engorda, em média, no acumulado entre janeiro e junho.

Um dos fatores que mais influenciou foi o aumento de cerca de 10% nos preços dos suplementos que contêm matérias-primas importadas. Em contrapartida, os combustíveis diminuíram 20%, fortemente influenciados pela redução na demanda. Essa pressão sobre os custos operacionais foi compensada por um sensível crescimento dos preços ao longo do primeiro semestre, mas principalmente a partir de maio: de R$ 193,05 em janeiro, o indicador do boi gordo Cepea/B3 passou para R$ 201,21 em maio e chegou a R$ 209,87 nos últimos dias de junho, em aumento de 8,7% em seis meses.

A análise da CNA/Cepea destaca que o Brasil exportou 13% a mais do que no primeiro semestre de 2019, totalizando 773 mil toneladas de carne bovina. Com a alta do dólar, a receita em moeda nacional foi bastante favorecida, e o valor médio por tonelada de carne bovina ficou constantemente acima dos R$ 20 mil — em média, os índices do primeiro semestre de 2020 são 51% maiores do que os do mesmo período do ano anterior.

Com a alta do dólar, Brasil exportou mais, e as receitas em moeda nacional cresceram. (Fonte: Unsplash)

Perspectivas para os próximos meses

O segundo semestre de 2020 começou mantendo as tendências de alta nos preços, e ao longo de julho e agosto o indicador do boi gordo Cepea/B3 oscilou na casa dos R$ 220 — no dia 18, estava em R$ 226,20. Uma semana antes, em 11 de agosto, atingiu o recorde da série histórica iniciada em 1994: R$ 227,06.

À medida que a pandemia se estabiliza e a economia começa sua retomada, o mercado se pergunta se a alta do dólar vai se manter por muito tempo, bem como quais serão os reflexos dessas movimentações na pecuária. Antes de pensar em qualquer projeção, é necessário entender que, mais do que uma desvalorização, a moeda brasileira sofreu intensa volatilidade: assim como uma alta sustentada, o primeiro semestre teve dias de quedas repentinas no dólar.

Câmbio apresenta intensa volatilidade em 2020, o que se reflete na economia brasileira. (Fonte: Unsplash)

Naturalmente, a volatilidade tem a ver com a crise de covid-19, mas também com as instabilidades da política brasileira, como disputas entre poderes e saídas de ministros. Somam-se a esses fatores o desempenho ruim da economia brasileira e os baixos juros. O cenário, por consequência, não estimula investimentos em real e gera a desvalorização da moeda.

Mesmo assim, analistas do banco de investimentos suíço UBS acreditam que o real vai crescer no segundo semestre de 2020, estimulado por uma desvalorização do dólar no cenário mundial e pela recuperação geral das economias, não só da brasileira. A moeda norte-americana deve continuar em cotações mais altas do que antes da pandemia, quando estava na casa dos R$ 4, chegando a R$ 4,80 e R$ 4,95 no fim do ano. Em agosto de 2020, o dólar oscilou entre R$ 5,22 (01/08) e R$ 5,51 (17/08) — em maio, a cotação chegou a mais de R$ 5,90.

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Fonte: Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil e Cepea/USP.

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