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A China é o maior mercado de destino das exportações mundiais. Somente do Brasil, o país asiático importa cerca de US$ 20 bilhões em soja (cerca de 70% da nossa produção), US$ 3 bilhões em carne bovina e US$ 1,5 bilhão em carne de frango. Diante da crise gerada pela pandemia de covid-19, porém, o gigante asiático está planejando mudar algumas de suas estratégias no setor agrícola, o que eventualmente afetará o agronegócio brasileiro.
Basicamente, o objetivo é aumentar a segurança alimentar por meio da diversificação de seus canais de importação. As medidas também incluem a modernização da agricultura no país e a retomada de um megaprojeto que prevê a ligação de 70 países da Ásia, da Europa e da África para fins comerciais – conhecido como a “nova rota da seda chinesa”.
Os dados são do mais recente estudo China pós-covid-19: um alerta ao agronegócio brasileiro, publicado pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Esse estudo analisa as novas estratégias do país asiático e os possíveis impactos da estratégia chinesa para o agronegócio em nosso país, como a redução no volume de importações – a maior preocupação do setor.
A situação da China agora e nos próximos anos
No primeiro trimestre de 2020, a China enfrentou uma queda de 6,8% no PIB — a primeira contração em décadas —, gerada em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Entretanto, passado o pico de contaminação, o governo chinês desenha uma reforma agrícola no país a fim de se prevenir em situações similares no futuro.
Os maiores investimentos são direcionados a políticas públicas que priorizam o desenvolvimento agrícola nacional, diminuindo a dependência de produtos básicos importados. No entanto, a China provavelmente continuará a ser, em médio prazo, o maior mercado de destino das exportações mundiais.
Isso porque, até 2025, estima-se que a população do país chegue a 1,438 bilhão, com 65,4% vivendo nas áreas urbanas. Com cerca de 230 milhões de agricultores trabalhando atualmente no campo (número que tende a diminuir cada vez mais nos próximos anos), a China terá ainda menos condições de suprir o mercado interno se medidas não forem tomadas.
Os principais produtos importados hoje são grãos – como as commodities de soja e milho – e proteína animal, especialmente carnes bovina e suína.
A estratégia chinesa e o impacto no Brasil
O estudo realizado pela Sire destaca quatro principais estratégias que serão adotadas pelo governo chinês:
- Diversificar geograficamente a importação (com uma nova rota que ligará diversos países) e a produção agrícola para aumentar a capacidade de produção e processamento de alimentos.
- Repensar o gerenciamento de inventários, priorizando o estoque de alimentos para situações como a que vivemos hoje.
- Modernizar tecnologicamente a cadeia de suprimentos da indústria de alimentos, especialmente o setor agrícola.
- Revisar a estratégia de desenvolvimento agrícola nacional, especialmente no que diz respeito a mão de obra, suprimento de alimentos, escassez e picos.
O documento destaca que, se essas profundas alterações se materializarem, causarão impactos importantes nos parceiros comerciais da China, o que inclui o Brasil. Em maio, já sentimos um pouco dos reflexos que mudanças de estratégias do país asiático podem causar por aqui, quando as autoridades chinesas determinaram aos importadores locais o acúmulo de estoque de grãos, como soja e milho.
Portanto, como o documento alerta, é preciso estar atento às mudanças que em breve serão implementadas. Para garantir a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, as autoridades também planejam estudar novos parceiros comerciais e rever a cadeia de produção dos diversos produtos exportados para a China.
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Fonte: Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire).