A China derrubou o embargo à carne bovina do Brasil que interrompeu as exportações por conta da identificação de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a “doença da vaca louca”, no Pará. O país asiático também habilitou quatro novas plantas frigoríficas brasileiras para vender a proteína aos chineses.
A suspensão dos embarques durou um mês e foi finalizada por intensas negociações diplomáticas durante a visita do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a Pequim. Em 2022, as exportações ficaram embargadas por mais de quatro meses, mesmo com a comprovação do governo brasileiro de que a situação estava normalizada.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirma que outros quatro países também voltaram a comprar a carne de boi brasileira, mas não especificou quais eram. O Itamaraty informa que o bloqueio atingiu o total de 11 países. Os embarques ainda estão suspensos para a Rússia, Irã, Cazaquistão, Tailândia, Catar e Bahrein.
Impacto do embargo da China
O gigante asiático é o principal destino da carne bovina brasileira. Em 2022, o Brasil exportou 1,1 milhão de toneladas de carne para os chineses, o equivalente a US$ 7,5 bilhões, cerca de 58% da receita gerada pelos embarques do produto. Por outro lado, aproximadamente 40% da carne de boi comprada pela China têm origem nos portos brasileiros.
Embora os embarques diários representem US$ 17 milhões em volume, o impacto do embargo deve ser minimizado pela aceleração dos envios com a retomada do comércio. Em nota oficial, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec) informou que a normalização deve acontecer nos próximos dias.
Durante o embargo, o preço do boi gordo chegou a cair mais de 10% em um dia, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A notícia da retomada dos embarques teve um efeito positivo sobre o valor do produto, que voltou aos patamares anteriores à suspensão das exportações.
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Como funciona o embargo por conta do mal da “vaca louca”?
O Brasil adota um protocolo sanitário preventivo de embargo de exportações para a China em caso de identificação de casos do mal da “vaca louca” por um acordo firmado em 2015. Isso pretende evitar a propagação da doença, enquanto os exames verificam se a EEB é típica, podendo ser transmitida entre animais, ou atípica, que acontece de forma isolada.
No entanto, após a confirmação de que todas as medidas foram tomadas para prevenir e controlar a doença, como o sacrifício de animais infectados, a decisão do fim do embargo depende da China. Geralmente, essa medida é realizada após a atuação do corpo diplomático brasileiro para agilizar a liberação.
O acordo está sendo revisado entre os dois países, por conta da demora chinesa para retomar as compras. Os embargos têm sido frequentes, com uma média de três meses na suspensão das exportações. Em 2021, o veto à carne brasileira chegou a causar um prejuízo de US$ 1 bilhão para a pecuária brasileira.
Fonte: Estadão, Ministério da Agricultura e Pecuária, Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq)