As consequências de conflitos globais na exportação de grãos

26 de março de 2020 3 mins. de leitura
O setor agropecuário brasileiro vive estado de ameaça com a instabilidade das crises mundiais

Com os avanços da crise entre Estados Unidos e Irã, o Brasil viu seu status de soft power (quando um Estado consegue se manter neutro com relação a determinados conflitos) ameaçado. O governo brasileiro, ao tomar uma posição favorável a um dos lados (no caso, aos Estados Unidos) em janeiro, preocupou setores de exportação, sobretudo da agropecuária.

Eles temem retaliações no campo de negócios e relações comerciais, sobretudo de países do Oriente Médio, que compram anualmente uma expressiva quantidade dos produtos agropecuários brasileiros; estima-se que esse acordo comercial gere uma receita de US$ 9 bilhões por ano, segundo levantamento de pesquisadores do Insper.

Em 2019, o Irã importou um total de US$ 2,1 bilhões do Brasil em produtos agropecuários. De acordo com dados do Ministério da Economia, o país ficou entre os cinco maiores importadores de milho e soja brasileiros no ano passado. Caso severas sanções a essas relações comerciais sejam instauradas efetivamente, o Brasil poderá perder a rentabilidade desse importador.

(Fonte: Pixabay)

Embora o Irã tenha um histórico de manter boas relações diplomáticas mesmo com países em que tenha algum tipo de conflito, o embargo norte-americano já sancionado poderá ser visto como uma ameaça às exportações brasileiras. Por conta disso, alguns setores do agronegócio se manifestaram desfavoráveis ao apoio do Brasil aos Estados Unidos, justificando a posição pela preservação dos interesses do setor. Além disso, o agronegócio teme o aumento nos custos de produção por conta das possíveis altas do petróleo; vale lembrar que o Oriente Médio é rico no mineral, sendo um dos principais exportadores. Após os ataques, o barril chegou a custar cerca de US$ 70 (por volta de R$ 300), uma alta que não se via desde setembro de 2019.

Comércio de grãos em alerta

Essa não é a primeira vez que o Brasil é afetado por conflitos entre os dois países. Em 2012, quando houve sanções dos Estados Unidos proibindo transações de bancos norte-americanos no Irã, houve quedas nas exportações. Em certa medida, a preocupação se dá principalmente por conta de acordos e sanções diplomáticas que podem influenciar diretamente o comércio exterior.

(Fonte: Pixabay) 

O diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, demonstra preocupação com a exportação de milho caso a relação comercial entre Brasil e Irã fosse prejudicada. “Na medida que milho alterna com a soja, o Irã é um destino importante; não haveria o que fazer com esse milho. Vai complicar a nossa vida”, considera.

Vale ressaltar que as tensões entre Estados Unidos e Irã se intensificaram no começo do ano, quando um bombardeio aéreo autorizado pelo governo norte-americano matou Qasem Soleimani, um dos líderes militares iranianos mais importantes, e sobretudo quando após esse ataque o Irã prometeu vingança ao país inimigo.

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Fontes: Reuters, MDIC, Anec, Ministério da Agricultura, Ministério da Economia

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