Em entrevista, o economista Alessandro Azzoni traça cenário de como a alta do dólar afeta o setor do agronegócio
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Em 2020, o dólar já alcançou valorização cambial de 45% frente ao real. A moeda norte-americana chegou a ser cotada a R$ 5,94, o que trouxe muitas incertezas para o agronegócio brasileiro. Em entrevista ao Summit Agro, o economista Alessandro Azzoni acredita que o momento é favorável para a produção agropecuária do País, mas alerta que o produtor deve ficar atento ao mercado mundial. Confira a entrevista.
Em um primeiro momento, a curto ou curtíssimo prazos, a alta do dólar pode ser extremamente favorável aos produtores exportadores que tiveram os valores das commodities afetados por falta de demanda do mercado ou pela alta na produção. Ainda que o preço internacional em dólares caía, a desvalorização do real faz com que os exportadores consigam ajustar os preços, minimizando perdas ou até lucrando com a alta da moeda norte-americana.
No segundo momento, mais a médio e longo prazos, a alta do dólar terá reflexos nos insumos das atividades do agronegócio, o que impactará diretamente os custos de produção e ajustes nos preços; com isso, poderá afetar negativamente o valor final.
No curto prazo, as commodities que têm alta demanda mundial, como soja, milho e carnes. Produtos com preços definidos em mercado futuro nas bolsas internacionais e que têm preços mais baixos também lucram com a variação cambial, tais como café, açúcar e algodão.
O gerenciamento e a eficiência devem ser as bases da competitividade do agronegócio. Ainda que, de forma geral, a variação cambial possa ser positiva, a tendência pode provocar efeitos negativos avassaladores para o produtor que não souber aproveitar o momento.
Muitos mercados sofreram retração devido ao isolamento provocado pela covid-19, mas ainda há um grande player mundial: a China. O mercado doméstico chinês sofreu grandes perdas em seus rebanhos suínos, o que favoreceu a indústria de carne brasileira.
O mercado exportador continua em um momento favorável. Em abril, as exportações de carne suína do Brasil somaram 72,8 mil toneladas, com alta de 19% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O mesmo ocorreu com o café, que exportou 2,99 milhões de sacas de 60 quilos de café verde no mesmo mês, com alta de 1,5% em relação a 2019.
Mesmo com a redução dos preços internacionais, o exportador brasileiro pode efetuar ajustes nos valores internos com a finalidade de regular os custos de produção e ainda ter margem de lucro com a variação cambial.
Os principais produtos prefixados em dólar são fertilizantes e defensivos agrícolas, mas o setor está atrelado à moeda norte-americana de outras formas. Os produtores rurais financiaram a expansão do agronegócio com investimentos em equipamentos de ponta que têm a sua manutenção em dólar.
Além disso, muitos empréstimos foram feitos em moeda americana tanto pela segurança do hedge de suas exportações (o fato de receber em dólar) quanto pela estabilidade da moeda. Agora, com a alta do dólar, esse endividamento pode corroer os lucros e comprometer os resultados da produção.
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Fonte: Estadão.