Alta do algodão afasta importadores e prejudica o mercado

9 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Com produção quatro vezes maior do que a demanda doméstica, Brasil precisa driblar dificuldades de exportação para evitar prejuízos

O preço do algodão em pluma se manteve em alta em fevereiro. Com aumento de 4,13% em comparação com janeiro, foi o sexto mês consecutivo em que o valor do algodão cresceu no mercado. O último indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), fechou o preço do produto em R$ 2,92 com pagamento em oito dias. Os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam o Brasil como o quinto maior produtor mundial de algodão e o segundo maior exportador da pluma.

O País atingiu números recordes de exportação entre julho de 2018 e junho de 2019. Com 1,04 milhão de toneladas exportadas, a quantia ultrapassou a marca anterior, de 1,03 tonelada vendida entre julho de 2011 e junho de 2012. Um dos fatores que levaram ao sucesso em foi a parceria comercial com a China, que, de acordo com os dados da Associação Nacional de Empresas de Algodão (Anea), teve participação de 35% nas exportações e liderou o ranking de destinos do algodão brasileiro.

(Fonte: Pixabay)

Na época, o governo brasileiro foi beneficiado pela guerra comercial travada entre Estados Unidos e China, o que fez com que o país asiático se tornasse um importante comprador de commodities brasileiras. Porém, no fim de 2019, os dois países declararam trégua e cancelaram as principais tarifas aplicadas nos produtos internos que barravam os negócios entre as nações.

Além da possível perda de renda gerada pelos negócios com o governo chinês, o Brasil precisa estar atento aos efeitos gerados no mercado pela constante alta do algodão. Os colaboradores do Cepea indicaram o forte posicionamento dos vendedores e o valor recorde do dólar como os principais fatores para que o preço do algodão continue a crescer no mercado interno. Apesar de o aumento da moeda norte-americana sobre o real gerar um incentivo para as exportações, visto que os valores se tornam mais atraentes para o mercado estrangeiro, as altas cifras afastam o consumidor doméstico.

Produção em massa

(Fonte: Pixabay)

O relatório da Conab, feito em janeiro de 2020, identificou uma área de plantação de 1,66 milhão de hectares na safra 2019/2020. As plantações de algodão por aqui cresceram 2,7% em relação ao ano anterior. Atualmente, o Brasil tem capacidade de produção de 2,76 milhões de toneladas da planta; dessa forma, o cultivo de algodão é quatro vezes maior do que a quantidade necessária para as demandas domésticas. Com o número crescente de plantações, o País se posiciona no mercado com a necessidade de aumentar o número de exportações e atender às demandas globais da pluma de algodão, segundo os pesquisadores do Cepea.

Mato Grosso e Bahia são os maiores produtores de algodão em território brasileiro. Enquanto o estado do Centro-Oeste é responsável por 1,12 milhão de hectares de plantação, o estado nordestino tem 350 mil hectares. A Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) realizou um relatório em que identificou que o Brasil é o único produtor de algodão no mundo que ainda tem espaço para crescer tanto em número de plantações quanto em produtividade.

Com tamanha importância no mercado, a responsabilidade sobre o país sul-americano aumenta. Como os contratos de vendas de commodities são firmados com antecedência, o Brasil não deve sentir os primeiros impactos da reaproximação dos governos dos EUA e da China; entretanto, com a constante alta do algodão e as dificuldades apresentadas pelo mercado interno, é preciso que o governo trabalhe com jogo de cintura para não sofrer prejuízo nos próximos meses de 2020.

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Fonte: Embrapa, Cepea

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