Sustentabilidade para alimentar o mundo

20 de outubro de 2020 5 mins. de leitura
Demanda crescente por alimentos exige novas práticas sustentáveis para garantir a produtividade das culturas

Embaixadores do Agro

Por Guillermo Carvajal, Líder de Sustentabilidade da Syngenta para a América Latina

O agronegócio, brasileiro e mundial, encontra-se frente a um paradigma irreversível, que permeia todas as práticas agrícolas atuais: a necessidade salutar de evoluir para uma produção cada vez mais limpa e sustentável. E quando trazemos à tona a noção de sustentabilidade, é importante relembrar que nos referimos ao seu sentido amplo, que inclui o cuidado ambiental, condições dignas de trabalho e produção equilibrada, aquela que permite ao agricultor o acesso a altas produtividades sem pressupor a expansão da área plantada.

A discussão sobre o assunto e, muito além, a implementação de boas práticas e novas tecnologias no campo são urgentes, pois concretizam a melhor resposta para suprir a crescente demanda global por alimentos. Neste sentido, a Syngenta, ciente de seu papel como líder do setor, lançou em 2013 o Plano de Agricultura Sustentável (The Good Growth Plan), estruturado em áreas relevantes para o contexto: aumentar a eficiência das lavouras; recuperar terras à beira da degradação e capacitar agricultores. E já colhemos excelentes frutos deste projeto global.

Guillermo Carvajal, Líder de Sustentabilidade da Syngenta para a América Latina.

Entre 2014 e 2019, somente no Brasil, foram 6,3 milhões de hectares de terras cultiváveis beneficiadas com nossas iniciativas de recuperação do solo. No mesmo período, outros 3,8 milhões de hectares foram beneficiados com nossos programas de biodiversidade. Também promovemos constantemente o uso correto e seguro de nossos produtos em atividades como o Dia de Campo, e treinamos 1,2 milhão de trabalhadores no Brasil. Além disso, em 2018, 99% das fazendas de produção de sementes da Syngenta já participavam do Programa de Trabalho Justo da empresa, no qual todos os nossos fornecedores diretos do Brasil estão incluídos. 

Mas não paramos por aí, pois sabemos que os desafios são crescentes e cada vez mais complexos. Antes de darmos o próximo passo, partimos para o diálogo com mais de 300 stakeholders espalhados pelo mundo, colhendo insights preciosos sobre temas como, por exemplo, as barreiras que os produtores enfrentam em seu cotidiano rural e as expectativas da sociedade no que se refere à cadeia de alimentos. Somamos a tais conversas os resultados de uma nova pesquisa que havíamos conduzido, além de todos os conhecimentos adquiridos na primeira fase do Plano de Agricultura Sustentável, para lançarmos, em junho deste ano, a segunda fase de nosso Plano.

Os novos compromissos priorizam temas latentes, tais como a luta contra a mudança climática e contra a perda de biodiversidade, enquanto promovemos a recuperação da agricultura dos efeitos econômicos e sociais causados pelas restrições da Covid-19. Para isso, investiremos US$ 2 bilhões em agricultura sustentável até 2025, lançando duas tecnologias disruptivas a cada ano. As metas dessa segunda fase preveem acelerar a inovação para agricultores e o meio ambiente; trabalhar para que a agricultura seja neutra em carbono; promover a segurança e a saúde das pessoas e focar em parcerias de impacto, pois sabemos que para, de fato, evoluirmos a agenda da agricultura sustentável, pouco podemos fazer sozinhos. Com objetivos claros e perspectivas reais de mudança, investiremos onde podemos fazer a maior diferença para agricultores e para o meio ambiente, encontrando novas formas de proteger os cultivos e equilibrar os desafios ambientais, sociais e econômicos. 

Parcerias sustentáveis

Integrados ao Plano, existem diversos projetos, concebidos por meio de parcerias firmadas junto a diferentes players do setor, que também visam encarar com responsabilidade os desafios da sustentabilidade e, logo, os relacionados à demanda por alimentos. Um dos exemplos mais relevantes é a Rede de Fomento a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), uma parceria público-privada para acelerar a adoção das tecnologias que conectam com equilíbrio a lavoura, o pasto e a floresta e, assim, intensificar a sustentabilidade da agricultura brasileira. 

Liderada pela Embrapa, e com apoio e participação da Syngenta, a iniciativa prevê a utilização dos sistemas integrados de produção como uma prática crescente no setor agropecuário brasileiro, uma vez que acarreta vantagens econômicas, produtivas e sustentáveis para todos que a adotam. Tais vantagens se baseiam na diversificação e integração de diferentes sistemas produtivos (agricultura, pecuária e florestais) numa mesma área, com benefícios para todas as atividades de forma mútua.

Na prática, isso significa dividir as áreas produtivas entre essas atividades, ou realizar a rotação delas ao longo de determinados períodos, intensificando o ciclo de nutrientes do solo, melhorando as condições de produtividade e o rendimento, sem grandes investimentos e de forma sustentável. A meta da Rede é atingir 20 milhões de hectares no Brasil, até 2030.

Vale ressaltar, ainda, uma iniciativa recém lançada para viabilizar economicamente todas essas ações: o Programa de Financiamento (SAFF), uma linha de crédito com taxas atrativas para o produtor. Construído junto com a maior aceleradora de finanças climáticas do mundo – o Lab, acelerador de instrumentos financeiros da ONG Climate Policy Initiative (CPI) –, o projeto estima aporte de US$ 68 milhões no piloto (safra 2020/21), US$ 320 milhões na safra 21/22 e US$ 1,4 bilhão em 2026, durante sua replicação.

Esses são apenas alguns bons exemplos que comprovam que a união de conhecimento, ciência, investimento e foco em uma agenda comum são a chave para combatermos e superarmos a escalada das mudanças ambientais e climáticas no mundo. Vemos um caminho promissor pela frente, pois assistimos cotidianamente o empenho de diversos players do agro para que novas concepções sejam possíveis, porque, afinal, não estamos lidando com nada menos do que o futuro do nosso planeta.

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