A tecnologia já está mudando a realidade das fazendas
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*Tiago Zanett Albertini – CEO da @Tech e Cientista Animal
*Gabriela Estevam – Líder de Marketing da @Tech
Estamos diante de uma revolução, a tecnologia e a inovação estão movimentando o agronegócio global. Produzir já não é suficiente, é necessário produzir cada vez mais e melhor. Melhor para o bolso, para a
cadeia, para o meio ambiente e para o consumidor. Para isso, a digitalização da agropecuária deve acontecer em uma velocidade sem precedentes, tendo como força motriz empresas de base tecnológica.
É neste cenário que surgem as agtechs, startups que possuem tecnologias para o agronegócio. As startups se diferenciam de pequenas e microempresas, pois, devem ter um modelo de negócios escalável e repetível.
E, no caso das agtechs, a tecnologia deve ser direcionada e especializada no agronegócio, tornando-as protagonistas ou agentes de desenvolvimento desse ecossistema. Seja dentro da porteira ou fora, as fazendas e as indústrias terão que se conectar de maneira cada vez mais fluida e equilibrada, sempre puxadas pela demanda do mercado, que quer saber cada vez mais o que compra e consome.
Imagine uma propriedade produtora de gado de corte, localizada no interior de Mato Grosso do Sul, que controla seus custos; busca maximizar a lucratividade a cada ciclo; acompanha o desempenho animal a partir de
pesagens diárias; mensura o consumo e a conversão alimentar de cada um dos animais; utiliza equipamentos conectados entre si e pela internet, isso é pecuária de precisão.
O termo é recente, utilizado pela primeira vez em 2008, e se aplica ao manejo da produção animal, uma vez que compreende princípios e tecnologias para controle da operação, dentro do confinamento e também no meio do pasto.
Segundo o IBGE (2018), existem, aproximadamente, 1,425 milhão de
produtores conectados, sendo que grande parte destes, se ainda não o fazem, almejam que o acompanhamento de informações de gestão e produção seja feito de maneira mais prática e tecnológica. Vale ressaltar que costumava-se associar o uso de ferramentas tecnológicas a grandes propriedades, hoje em dia, principalmente considerando-se as barreiras de locomoção e segurança impostas pela pandemia do coronavírus, acompanhar a “saúde” da produção à distância passou a ser quase imperativo a quem exerce tal atividade em nosso país.
Como já dissemos, muitas das tecnologias disponíveis à produção de bovinos brasileira são reflexo do ciclo de desenvolvimento enxuto de startups. Já estão no mercado soluções de hardware como balanças, brincos, bastões de identificação, sensores de passagem, portões inteligentes, leitores de cocho, entre outros. Quando falamos de software, nas prateleiras destas jovens empresas estão ferramentas de gestão, sistemas de pontuação de escore de condição corporal, reconhecimento facial para rastreabilidade, predição de eficiência alimentar, suporte para homogeneização de lotes para melhor resultado e até algoritmos capazes de identificar os animais geneticamente mais lucrativos.
De acordo com a Embrapa, o termo pecuária de precisão tem crescido e está associado a equipamentos modernos, à tecnologia, mas, principalmente, à postura do produtor.
Este último fator merece grande atenção, uma vez que, fazer uma pecuária mais precisa exige otimização de processos e instalações, diminuição do impacto ambiental, controle do manejo, garantia do bem-estar, acompanhamento dos animais e dos colaboradores.
O uso do 4.0, muito comum em eventos e discursos para o agronegócio, faz alusão às transformações tecnológicas pós-revolução industrial, e significa tirar do analógico, ou do papel, dados de produção, por exemplo, levando e controlando-os no digital. Sabemos que do ponto de vista de quem inova em tecnologia para o agronegócio, grande parte do desafio não está em fazer pesquisa aplicada e testes no campo, mas sim em transferir todo esse conhecimento acumulado e disponível aos pecuaristas.
Produzir no Brasil é para profissionais. Há por aqui diversos fatores que impulsionam os bons produtores (características ambientais, apoio e
reconhecimento governamental e, mais recentemente, da mídia, por exemplo), no entanto, produzir animais com carne de qualidade e acessível no nosso país ainda exige planejamento, empenho e disponibilidade de adaptação.
Inclusive, adaptação à própria tecnologia. O amadorismo e os tempos em que a pecuária era pouco produtiva ficaram para trás e, cada vez mais, o pensar fora da caixa gera novos movimentos no campo em prol da produtividade, da riqueza do agronegócio e da prosperidade da nova pecuária, esta que é criativa, inovadora, tecnológica e lucrativa.