O agro brasileiro já está pronto para ser servido

16 de dezembro de 2020 4 mins. de leitura
Neste artigo, Tejon fala da necessidade do Brasil mostrar para o mundo o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que o país executa há uma década

Embaixadores do Agro

Por José Luiz Tejon Megido*

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Como servir? Sim, o servir de colocar na mesa, apresentar para os convidados e à sociedade cliente e consumidora internacional. Pois ele aqui está e já nos serve muito bem.

Falo do Plano Agricultura de Baixo Carbono, o famoso ABC. São 50 anos de intensivas pesquisas com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outros organismos científicos do país. E não se trata de um “canteirinho demonstrativo”. 

Hoje temos 50 milhões de hectares dentro dos fundamentos da sustentabilidade. E quem sabe disso? Quem faz, sabe. Mas no mundo do agora não basta saber e fazer, precisa “saber fazer e vender”. O que não for percebido jamais terá existido. 

O Plano ABC é o sonho de consumo da população mundial para originação de alimentos. Basta servir, está na mesa com sonhos que viraram realidade e – ao invés do Brasil andar atrás da “moda” -, poderia ser dono das passarelas deste desfile, onde Giselle Bundchen deveria desfilar.

Brasil já tem 17 milhões de hectares no sistema de Integração Lavoura-Pecuária e/ou Lavoura-Pecuária-Floresta (Foto: Divulgação Embrapa)

Na direção deste programa temos uma “diva”: pesquisadora e gestora do time da ministra Tereza Cristina, Mariane Crespolini. Diretora de produção sustentável e irrigação da Secretaria de Inovação do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 

Vocês poderiam indagar, mas por que “diva”? Geralmente usado para artista, o substantivo denomina uma mulher “inspiradora”. Um estudo do Center for Food Integrity (CFI), nos Estados Unidos, feito com a população norte-americana revelou ser “a mulher, cientista e mãe” o melhor vetor para divulgação com credibilidade das artes científicas. Portanto, me permitam convocar nossas mulheres, cientistas e mães para, além de pesquisar, comunicar.

Participei de um encontro esclarecedor na sede da Associação Brasileira de Produtores de Sementes de Soja (Abrass), ao lado do Luciano Vacari, diretor-executivo da instituição e tive a oportunidade de finalizar a reunião ao lado da dra. Mariane, revelando o que já temos: o futuro bem aqui no presente.

Sete são as obras do Plano ABC: 1ª recuperação de pastagens degradadas; 2ª integração agroflorestal; 3ª plantio direto; 4ª fixação biológica de nitrogênio no solo; 5ª florestas plantadas; 6ª biogás, biodigestores, tratamento de dejetos e 7ª resiliência à mudança climática.

No mesmo local, em que é originado alimentos, agroenergia e fibras, estão plantadas árvores. O Código Florestal é a lei e exige que 80% da propriedade rural na Amazônia seja preservada. A taxa cai para 35% no Cerrado e 20% nos demais biomas.

Onde antes era só gado ou só grãos, já temos 17 milhões de hectares de integração da pecuária com a produção de grãos. Dentro desse universo, cerca de 23% com Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF).

Por que sofremos tendo tamanha riqueza e conhecimento? Por que tudo isso não se transforma numa imagem de poderoso impacto positivo do Brasil no mundo?

Por que esta realidade colocada num “valor de mercado” até 2030 não permite ao Brasil superar a cifra de US$ 4 trilhões de Produto Interno Bruto (PIB), com um PIB do agribusiness atingindo US$ 1 trilhão? Por quê? 

Qual é o medo que faz o Brasil ficar de joelhos, possuindo realidades que já estão acima de diagnósticos e de sonhos? O país tem problemas que devem ser atacados com foco e priorização, como o combate da ilegalidade. Mas – enquanto isso – não podemos permitir que nossas virtudes legítimas fiquem cobertas pelos mesmos esparadrapos das feridas mal cuidadas.

Vamos arrumar a mesa e servir. O Plano ABC é real, gera lucro para os que fazem e potencialidades para todos os brasileiros ao longo das cadeias produtivas. Desde o motoboy do delivery até o estivador no porto da minha cidade de Santos, do chef de cuisine ao agroindustrial, sem contar todas as famílias agrícolas espalhadas pelo país. O mundo vai amar tudo isso! E vai querer investir.

*José Luiz Tejon Megido é doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da FECAP; membro do Conselho da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo e sócio-diretor da Biomarketing.

Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

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