A potencialidade dos mercados exige líderes que enxerguem além da neblina
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Por José Luiz Tejon Megido
Acima de governos, o agronegócio brasileiro será cada vez mais uma decisão de estado, uma reunião da sociedade civil organizada agroconsciente. E com qual nível de racionalidade afirmo isso? Pela inexorável marcha da humanidade.
A pandemia revelou todas as nossas fragilidades e vulnerabilidades. Mostrou por outro lado o papel único da ciência mitigando fatores incontroláveis e oferecendo gestão dentro do caos virulento. E prepara para a nova década que tem início em 2022 a consciência da interdependência planetária e, além disso, a mega potencialidade do alimento como sinônimo de saúde, não apenas para alguns, mas para todos.
Olhando o papel do Brasil no “Lego do mundo”, somos obrigados a constatar um “design thinking” único e crucial para este País com dimensão continental e incrustado no cinturão tropical da terra: “Quem olhar apenas para a demanda de alimentos, fibras, energia, derivados dos campos, águas e mares atuais, olha pelo retrovisor, está na hora de acender os faróis de neblina e auscultar o futuro que já chegou”.
Esse futuro significa a dimensão do potencial que já virou demanda dentro da nova consciência, do capitalismo, do cooperativismo, da filantropia de resultados, onde não bastará mais dar comida, será necessário produzir, comercializar, industrializar, prestar serviços e transformar cerca de 4 bilhões de seres humanos, hoje no planeta, de pobres mal nutridos em empreendedores da produção de comida, energia, gerando um ciclo virtuoso de um “health system”. Uma agrocidadania onde não existirá economia sem ecologia.
Dentro disso o mundo que precisará em 10 anos equalizar o acesso ao alimento como sinônimo de saúde para hoje, irá adicionar ainda mais 2 bilhões de humanos até 2050.
E o Brasil com isso? Tudo a ver. Iremos dobrar o atual agronegócio brasileiro até 2032. Por quê? Porque estamos no lugar certo, com território, conhecimento científico tropical, recursos humanos que sabem fazer, e numa sociedade que representa todas as raças do mundo, no maior “melting pot” do planeta Terra.
A potencialidade dos mercados exige líderes que enxerguem além da neblina. Assim tem sido a história do mundo e do próprio Brasil. Ninguém no início queria mudança e transformações. Elas chegam através de alguns diferentes (different thinkers) pioneiros que veem o que os outros não captam. São mutantes que mudam o mundo. Depois são seguidos, quando suas inovações e ousadias se transformam na falsa “segurança da demanda”. Ah “demanda”, líderes conscientes mensuram o potencial muito além do passado, pois presente agora é o resultado do futuro.
Só que velocidade significa a mudança de todas as mudanças hoje e doravante. Por isso a necessidade da adaptação terá na velocidade da transição o seu fator vital de sucesso.
Precisamos mais do Brasil do que o Brasil precisa de nós. Para os brasileiros e para o mundo.
Dessa forma, a governança, chave vital do reino ESG, estará além de governos, será exercida pela sociedade civil organizada. Além de um presidente, em ano de eleição, seremos o resultado de um agroconsciente.
E o agroconsciente será do tamanho da consciência destes estimados leitores Estadão Summit Agro.
Sem dúvida, o agroconsciente será do tamanho do Brasil, e este será do tamanho da consciência de suas lideranças, da juventude, das mulheres e da compreensão antes tardia do que nunca da coordenação de suas cadeias produtivas sustentáveis e com lucro justo para todos os seus elos.
Tejon você está otimista? Não. Repito o escritor da Paraíba Ariano Suassuna, que dizia: “O otimista é um tolo, o pessimista um chato, eu sou um realista esperançoso”. “Prosperidade é a governança da esperança”, como enfatizam os líderes de instituições lúcidas e sensatas do País. Bem-vindos os realistas esperançosos e líderes conscientes ao Brasil agroconsciente. Além de sustentável, ESG, ainda dá mais lucro a curto, médio e longo prazo.