O agronegócio a serviço de governos ou governos a serviço do agronegócio? - Summit Agro

O agronegócio a serviço de governos ou governos a serviço do agronegócio?

6 de outubro de 2022 4 mins. de leitura

O agronegócio do Brasil sempre será maior do que os governos do Brasil desde que estes o sirvam e não dele queiram se servir.

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O maior negócio do País é o agronegócio. Na soma do antes, dentro e pós-porteira das fazendas vamos para cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Agronegócio, oriundo do conceito “agribusiness” nascido em Harvard anos 1950, é também o maior negócio do mundo. Envolve em torno de 25% do PIB planetário, quer dizer, algo como US$ 25 trilhões. Na maior economia dentre as nações, nos Estados Unidos, seu agribusiness reúne 20% da sua economia, o que representa aproximadamente US$ 4.4 trilhões com 20% dos empregos do país.

Dessa forma, precisamos que as lideranças do complexo agroindustrial, agropecuário, agrocomercial, serviços e agrocooperativista se reúnam para um planejamento estratégico de negócios. Um “business plan” cujo objetivo é um só: crescer e distribuir riqueza atendendo necessidades e desejos de clientes e consumidores brasileiros e internacionais. Precisamos de uma meta. Hoje, o tamanho do agro brasileiro fatura o equivalente a US$ 400 / 500 bilhões, dependendo da taxa do dólar.

Somos apenas 10% dos Estados Unidos. Somos apenas menos de 2% do total do agribusiness do planeta. Devemos e podemos objetivar US$ 1,2 trilhão na soma de todos os seus fatores até 2032 e, com isso, almejarmos 5% de share no total do seu movimento econômico mundial.

Não estou dizendo que isso seja pouco; afinal, somos jovens. O Brasil é novo. Com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa Brasileira de Extensão Rural (Embrater), Programa Nacional do Álcool (Proálcool), empreendedores, agroindústrias nacionais e multinacionais, cooperativas que também viraram agroindústrias, crescimento da hortifruticultura e conhecimento sustentável, agricultura ABC, Integração Lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e nos transformamos de importadores de alimentos em exportadores e supridores do mercado interno.

Mas temos oportunidades e necessidades de investimentos na ciência, na indústria de insumos, sementes, genética, mecanização local. Temos condições de crescer no dentro da porteira do A do abacate ao Z do zebu. E podemos e precisamos desenvolver consideravelmente a agroindustrialização permitindo oferecer mais produtos de valor agregado ao invés de vender apenas commodity. E da mesma forma empregos e distribuição de renda ocorre em todo entorno da agropecuária, na indústria, comércio e serviços que multiplicam as matérias-primas e desenvolvem os distintos terroir do País, sem jamais se esquecer do cooperativismo, a fonte certa para inclusão de toda agricultura familiar brasileira.

Um plano de negócios que diversifique mercados, diminuindo a dependência que temos de poucos destinos e de concentração em poucas commodities. Cuidar da imagem, gerenciar marketing e nos apresentarmos ao mundo como fonte segura e confiável para todos os povos da terra. Um país de paz para a paz agroalimentar, agroenergética, agroambiental e detentor da ciência para segurança da humanidade na faixa do cinturão tropical.

Portanto, além e acima de governos, que a sociedade civil organizada se reúna com lideranças agropecuárias, industriais, comerciais e de serviços, e que o governo, seja ele qual for não faça do agronegócio um instrumento de interesses ideológicos políticos partidários e, sim, uma questão de Estado. Que os próximos quatro anos de governo executem ações estruturantes de médio e longo prazos, muito além de iniciativas voltadas a sua própria propaganda político ideológica partidaria.

O agronegócio é um só, serve a todos os brasileiros e aos clientes do mundo. Um plano de Estado, pois o agro é maior do que qualquer governo. Se politizarmos ideologicamente o agronegócio, faremos o maior de todos os males ao nosso maior negócio presente futuro.

This is just business, 4 all folks. Ou agricitizenship como o fundador do conceito de agribusiness, prof. dr. Ray Goldberg com sua sabedoria, agora nos reposiciona, um food citizenship.

O agronegócio do Brasil sempre será maior do que os governos do Brasil desde que estes o sirvam e não dele queiram se servir.

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