Tejon traz exemplos de locais na Grande São Paulo que possuem horta urbana
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José Luiz Tejon Megido
Com agricultura na metrópole de São Paulo será possível frear o aquecimento da temperatura que subiu 1°C de 1985 a 2019 e diminuir 0,2°C em relação a 2019.
Agricultura dentro da Grande São Paulo será vital para a saúde de mais de 21 milhões de pessoas. E já temos na Vila Mariana, no Instituto Biológico, a maior lavoura de café urbana do mundo.
Quando falamos de agronegócio, sempre trazemos a imagem do interior, do Brasil central, de Mato Grosso, a capital mundial das carnes e dos grãos, ou então abordamos o bioma amazônico, o desmatamento.
O Instituto Escolhas, em parceria com o The Economic of Ecosystems and Biodiversity (Teeb), com apoio da União Europeia, Porticus, e programa para o meio ambiente da ONU desenvolveram o estudo “Além dos alimentos: a contribuição da agricultura urbana para o bem-estar na metrópole de São Paulo”. Nesse estudo apresentado na semana passada em São Paulo, as principais constatações são:
Entre 1985 e 2019, a temperatura média da metrópole paulista subiu 1°C.
Se essa tendência persistir, até 2030 haverá a elevação de mais 0,6°C. As consequências são doenças cardiovasculares e respiratórias.
A causa disso foi a diminuição da agricultura na área da Grande São Paulo e florestas, com a urbanização.
A área construída na metrópole paulista cresceu 57 mil hectares (o equivalente a 57 mil campos de futebol, de 1985 a 2019), isto significa redução da infiltração da água no solo e também isso contribuiu para comprometer a produção de água na bacia Alto Tietê em volume equivalente ao abastecimento de 4 milhões de residências por ano.
Os estudos do Instituto Escolhas revelam que o aproveitamento de uma agricultura periurbana em São Paulo, além de permitir abastecer cerca de 13 milhões de pessoas com produtos hortícolas e especialidades, seria fundamental para o ecossistema e a sustentabilidade de toda a metrópole.
Cinco serviços foram mensurados no estudo para um planejamento em que em 2030 pudéssemos diminuir o aquecimento da região, a produção de água e o empreendedorismo com produção de alimentos locais. Além de mitigar inundações e a erosão.
O movimento Rurban cresce no mundo todo, onde a cidade de Paris, por exemplo, tem como meta ter a maior produção agrícola urbana do mundo do lado de dentro dela. Em São Paulo tem início um movimento para a criação de uma universidade Rurban, com o Centro Universitário Ítalo Brasil, a empresária Alessandra Piano e experts de diversas experiências, como agrônomos, empreendedores, designers, arquitetos, chefs, nutricionistas, educadores, agricultores, etc.
Aqui em São Paulo temos desenvolvimentos em regiões como Parelheiros, temos hortas como no teto da Galeria do Rock, na Avenida São João, um telhado verde no Shopping Eldorado, e um pioneiro empreendedor da agricultura vertical no bairro do Ipiranga, 100% livre, que já consegue produzir em cerca de 50 m2, sob ambiente totalmente controlado e reuso da água, hortaliças folhosas suficientes para abastecer em torno de 1.200 a 1.300 famílias e irá expandir.
O agroconsciente não vale apenas para os campos do País, as exigências ESG (environment, social, governance) das grandes produções serão também cada vez mais fundamentais para a vida com dignidade e saúde nas grandes capitais.
Agricultores do asfalto, sejam bem-vindos! Que as plantas ornamentais convivam doravante com o alimento nos prédios e condomínios. Muito mais árvores em todas as ruas, e além de tudo isso, biodigestores para biogás com todos os resíduos gerados por mais de 21 milhões de humanos, com geradores MWM, virando independência de energia elétrica e um excelente adubo.
O estudo demonstra um potencial de 37,4 mil hectares para agricultura periurbana. Mais 2,3 mil hectares de produção urbana orgânica. Sistema agroflorestal mais 12,5 mil hectares. A agricultura e a pastagem convencional 132,5 mil hectares. Ou seja, um total de 184.700 hectares que permitem um planejamento verde, da natureza na metrópole paulista. A expansão da produção de alimentos deverá ocorrer, principalmente em áreas de maior vulnerabilidade.
Parabéns Instituto Escolhas pelo excelente estudo.
*José Luiz Tejon Megido é colunista do Jornal Eldorado, doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da Fecap; membro do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) e do Conselho Científico do Agro Sustentável (CCAS) e sócio-diretor da Biomarketing.