Governança é a via disruptiva do Brasil

3 de novembro de 2021 5 mins. de leitura
Tejon analisa o que poderemos ter na COP-26,que acontece em Glasgow, na Escóciashu

Esperar por um ser humano perfeito que nos governe a todos no rumo da prosperidade não é um sonho. É ilusão. Fácil distinguir o primeiro do segundo: “sonho (vontade veemente) é o que fazemos com a realidade enquanto sonhamos e ilusão (engano da mente) é o que a realidade faz conosco enquanto nos iludimos”.

Portanto, se há algo muito positivo neste período da pandemia e do seu agravamento em função da desordem de lideranças, algumas sofrendo de Síndrome de Transtorno Ideológico (STI), e outras com ineficiência de planejamento e priorização de foco, é exatamente a reunião de forças “sintrópicas” para a governança antientropia caótica. A sociedade civil organizada ao lado dos melhores quadros humanos dos governos toma para si a única via disruptiva do País doravante, como podemos ver no exemplo desta COP-26, em Glasgow (Escócia).

Associações empresariais, profissionais, filantrópicas, ONGs, consórcio de governadores, concertação pela Amazônia, cientistas, educadores, agricultores, enfim, a sociedade civil organizada em todos os seus âmbitos se reuniu diminuindo suas próprias diferenças na busca de um foco comum, como disse o ex-ministro Joaquim Levy, ao Estadão (para assinantes): “O ciclo de baixo carbono pode ser tão bom quanto ciclos do ouro e café”.

Então, precisamos trazer o “accountability” para esta nova bioeconomia. The Nature Conservancy (TNC) está presente na COP-26, com Karen Oliveira, gerente de Políticas Públicas da TNC Brasil, e também com Leonardo Lacerda, diretor global de clima. Recebi um estudo da TNC em que números são apontados nas iniciativas ambientais. Um estudo feito com a Natura e o BID, no Pará, houve o registro da geração de R$ 5,4 bilhões adicionados ao PIB, em 2019, a partir de iniciativas da sociobiodiversidade. A soma do potencial dessas iniciativas podem atingir R$ 170 bilhões até 2040 no Pará.

Um dos exemplos é o cacau da floresta. Recentemente, o chocolate De Mendes recebeu o prêmio de startup do ano no Fórum Mundial de Bioeconomia. Sobre o cerrado, a TNC ainda acrescenta 18,5 milhões de hectares de pastagens degradadas prontas para serem incorporadas na produção de alimentos. Nesse sentido, vale ressaltar que temos pesquisadores e quadros humanos no governo, no mapa, ministérios e na Embrapa de altíssimo nível, além de produtoras e produtores rurais competentes. Na COP-26, agricultura de baixo carbono, Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), Pronasolos, águas do agro e o projeto Fertbrasil, sem dúvida, serão fatos positivos do país.

Na COP-26, a TNC leva como foco acabar com o desmatamento, estratégias de transição para a economia de baixo carbono, os ajustes dos fluxos financeiros ao longo das cadeias produtivas bioeconômicas e investimentos baseados em fundamentos da natureza.

No âmbito da bioenergia, além do Renovabio, carros elétricos com células acionadas com etanol, temos o mega potencial da biometanizacao do campo e das cidades. Empresas como Weber ambiental revelam um universo inexplorado ainda no documento “The heat is on – a world of Climate promises not yet delivered” e a MWM investem nos kits para “biometanizacao” dos motores, tanto nas atividades do campo como na mobilidade urbana. Biogás natural e renovável.

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, para o Estadão (para assinantes) afirmou: “Em Glasgow, o Brasil vai apresentar o programa de crescimento verde”.

Então, que o sonho supere as ilusões. Na vida não tem “bala de prata” que devolve o vampiro para sua lápide, nem um ser humano sozinho que salve a humanidade. 

A prosperidade será o resultado da liderança cooperativa, como ouvi de Márcio Lopes, presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). E o que significa prosperidade? É a governança da esperança.

Nesta COP-26 e a partir deste ano que as lideranças criativas do País façam da sociedade civil organizada a sua força motriz, e que o lado longevo de governos, com estadistas muito além de populistas executem o que a ciência conhece e o que os planejamentos estratégicos esclarecem. Afinal, como disse o gênio da administração Peter Drucker: “Não existem países subdesenvolvidos; existem países subadministrados”.

Do mundo ESG, sem dúvida o G, governança, é a única via disruptiva para dobrarmos o PIB do país até 2031 com saudabilidade e dignidade para todos.

E sobre a comunicação de tudo isso nunca podemos esquecer que a credibilidade e a reputação do “emissor” para a mesma mensagem, define o que iremos receber de feedback. Que os maestros nos sejam virtuosos para que além de cada orquestra possamos de verdade ouvir uma sinfonia nesta “ “concertação”, e afugentar a cacofonia da desafinação.

Show time. Let’s Go.

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