Afinal o que é marketing? Muito além de propaganda, narrativas, ou pior: distância intergaláctica de engodo, ilusionismo, transformar mentiras em verdades.
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Por José Luiz Tejon Megido
A principal arte de um Chief Marketing Officer (CMO) está em dar clareza e transparência nas demandas já existentes nos mercados, nos ambientes incontroláveis e competitivos dos mesmos transformando as decisões organizacionais em efetivo poder de sucesso. Mas tudo seria fácil não fossem as dificuldades, como escreveu o Barão de Itararé. A virtude transcendental da função de marketing está em “auscultar“ aquilo que as pessoas querem, mas que ainda não sabem explicitar. Portanto, foco no que clientes, consumidores e a sociedade ignora agora, mas que amanhã os encantará.
E o agro o que tem a ver com isso? Tudo. Pouquíssimos pediam semente híbrida de milho, quando Secundino, fundador da Agroceres, a lançou em 1945. Também quase ninguém pediu pulverizadores quando Nishimura fez a primeira polvilhadeira do Brasil em 1948 ou a primeira colheitadeira de café em 1979. Os criadores do plantio direto, Bartz, Dijkstra, e mais meia dúzia de visionários eram chamados de “loucos“ no início dos anos 1970. Assim como os suínos da Agroceres PIC na virada dos anos 1980 eram odiados pela gigantesca maioria da suinocultura do Brasil. Isso apenas para ficar com exemplos onde participei direta e ativamente na minha carreira profissional.
E, ao chegarmos então na própria definição de agribusiness, pelos professores Ray Goldberg e John Davis na Universidade de Harvard, nos anos 1950: “a soma total dos insumos, componentes, produção agropecuária, transformação, comércio, serviços, armazenagem e distribuição dos derivados agrícolas“, gerando uma visão sistêmica e de um complexo agroindustrial, como Ney Bittencourt de Araújo o batizou no Brasil no início dos anos 1990, também pouquíssimos compreendiam e muitos o continuam ignorando até a segunda década do século 21.
Steve Jobs afirmava que “consumidor não tem tempo para saber o que quer”, enquanto Thomas Watson da IBM em 1943 dizia que: “no mundo haveria mercado para no máximo uns cinco computadores“. O primeiro certíssimo o segundo equivocado.
Bem, então precisamos de um plano de marketing. Sim, plano de marketing como aprendemos no Brasil com os legítimos educadores, separando marketing ético do não ético. Lições de Raimar Richers e Marcos Cobra (FGV), de Francisco Gracioso (ESPM), com Alberto Madia, criador da Academia Brasileira de Marketing, e outros exponenciais executivos, educadores e estudiosos desse tema, o que levou um grupo de profissionais do chamado “marketing rural“ nos anos 1980 a fundar a Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR), incorporando nos anos 2000 o ABMRA de agronegócio, exatamente para compor uma visão estratégica de que um plano de marketing no agro exige umbilicalmente a compreensão de todos os fatores desde segmentação, nichos, tendências de consumidores existentes e potenciais na ponta final das cadeias produtivas, caminhando numa jornada retroativa até antes da originação das produtoras e produtores rurais nos campos e águas, envolvendo a ciência e na necessidade de uma governança de governos e da sociedade civil organizada vinculando esse mega design thinking do agro ao crescimento do PIB e das condições sociais de dignidade de uma sociedade.
E para agregar aspectos intangíveis ao plano de marketing ele precisa doravante ser elevado a potência da cidadania, como Ray Goldberg continua a nos inspirar associando todo esse conceito a saúde e ao “food citizenship“.
Então está na hora. Um plano de marketing estratégico para a grande visão e oportunidade de inserção do Brasil no contexto agroalimentar e ambiental do planeta terra. Análise dos fatores incontroláveis. Construção e gestão dos fatores controláveis estruturais. Batalha pelas percepções humanas numa visão educadora de longo prazo. E métricas e accountability para avaliação permanente desse “game metaverso“ pleno de incertezas e de incômodos que alteram os fatores a cada instante. Na matemática a ordem dos fatores não altera o produto, na vida real sim.
Significa termos uma equipe de ACO’s – Agribusiness Chief Officers. Em diálogo permanente com os 10 CEOs das maiores corporações pós porteira das fazendas do mundo e do país, e seus CMO’s. Reuniões com os 10 principais CEOs e seus CMO’s das 10 maiores corporações do antes das porteiras das fazendas do mundo. Com outros 10 das maiores mídias planetárias, dos serviços financeiros, do grande varejo, das associações que representem 80% do vbp do campo, dos pesquisadores, cooperativas, das confederações nacionais empresariais, academias, e obrigatoriamente das ONGs bem como entidades de defesa dos consumidores e da saúde humana conectada a saúde do planeta.
Parece difícil? Não é. Representa uma maestria em reunir os melhores músicos do agribusiness e com eles criarmos uma sinfonia ao invés de uma cacofonia.
E o plano? A fórmula existe: pesquisas quantitativas e qualitativas, percepções, segmentações, targets, nichos, posicionamentos, estruturas de produção, pricing, distribuição, promoção, implementação, avaliação, feed back, elevado a potência de criação de “valor“ percebido.
E tem brasileiro que domina e sabe fazer isso? Sem duvida. Temos gente altamente capacitada para atuar como ACO – Agribusiness Chief Cfficer.
Vender para quem já sabe o que quer comprar e vender para quem ainda não sabe que pode ter o que fazemos e o que podemos vir a fazer neste imenso Brasil continental, espetáculo do cinturão tropical do planeta terra. Lugar da paz, como sempre o ex ministro Roberto Rodrigues e o candidato ao Nobel da Paz Alysson Paolinelli nos relembram, com as justas memórias de grandes brasileiros da história, onde aqui: ”nunca tantos deveram tanto a tão poucos“, frase de Winston Churchill na 2ª guerra mundial. Dobrar o agro brasileiro de tamanho até 2032, e em várias cadeias produtivas multiplicar por muito mais, e gerar dignidade para milhões de seres humanos no Brasil e no mundo é nossa missão especial na terra.
O Brasil merece um plano de marketing do agro, pois representa empregos, renda, felicidade para todas as cidades brasileiras e nosso povo além de justas oportunidades de prosperidade reconhecidas.
E como ouvi agora do diretor de sustentabilidade para a América Latina da ADM, uma das maiores do mundo no agronegócio, Diego Di Martino disse: “vocês no Brasil já fazem a melhor agricultura regenerativa do mundo, parabéns“.
E como na música dos Titãs “é preciso saber viver“ eu diria: É PRECISO SABER VENDER.
(Gratuito o livro Marketing & Agronegocio – diálogo com a sociedade. Acesse: www.tejon.com.br/livros)