As 7 virtudes capitais das mulheres Agro – CNMA

1 de setembro de 2021 9 mins. de leitura
Clique e acesse o artigo completo de José Tejon sobre as virtudes do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA).

Agora, em outubro de 2021, serão seis anos de contato, interação e conhecimento do mundo das mulheres no agronegócio. Até 2020, estivemos com cerca de 7,5 mil congressistas no Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), no Transamérica Expocenter, com apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

Realizamos duas amplas pesquisas sobre o perfil da mulher, uma com FRAN6 e, outra, com o IPESO. E, a cada ano, identificávamos suas preocupações, necessidades e expectativas. As avaliações nos orientavam a todos. E logo sentimos como o “timing” do congresso com as mulheres e das mulheres exigia muito mais tempo para discussões e debates. Existe, por parte das mulheres, uma força interior gigantesca que a impele a se posicionar. As pesquisas sobre  “Quem é, como é, quais os valores e o próprio design psicográfico da mulher do agro no século 21” nos oferecem uma grande síntese das mulheres Agro CNMA. Possuem sete virtudes capitais que integram diversos fragmentos distintos e revelam como são importantes para compor, ao lado dos homens, com equidade e justiça, um balanço positivo nos aspectos sociais, profissionais e pessoais para toda a sociedade. 

1 – Liderança

As mulheres, num nível de compreensão sobre o que significa o complexo do agronegócio, o descrevem corretamente, como sendo o envolvimento do total das cadeias produtivas. Revelam uma visão holística e sistêmica. Também se consideram otimistas sobre o futuro. São notoriamente gregárias, associativistas e cooperadoras. Não se enxergam com ângulos de vitimização perante o mundo. E se notabilizam por colocarem em primeiro lugar, nas suas prioridades, a sucessão e a governança dos negócios e das famílias, bem como a gestão de pessoas e do meio ambiente. Podemos associar o termo ESG (a sigla em inglês para ambiental, social e governança) como estilo predominante entre as mulheres do agro.

2- Resiliência

Significa a capacidade de enfrentar os incômodos e superar desafios. Nas pesquisas e avaliações, as mulheres agro CNMA revelaram, em sua maioria (61,1%), não terem problema algum no comando por serem mulheres. Se colocam como guerreiras, que gostam de estimular e esperam estímulo e inspiração para superar. Com esta índole, não têm receio algum de pedir ajuda para o que desconhecem. Definem suas preocupações essenciais como a estabilidade financeira (88% delas amam se sentirem independentes financeiramente), a saúde, a família, o equilíbrio pessoal com o profissional e social e têm os olhos muito voltados ao futuro dos filhos, dos quais esperam serem sucessores.

Uma grande homenagem às mulheres do agro pela resiliência ocorreu em 2017, com o lançamento da música GUERREIRA, em que contamos com a participação da Carla de Freitas, atual presidente do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA), na interpretação, e foi um sucesso.

3- Velocidade

Consideramos as mulheres agro CNMA como “legítimas aceleradoras das inovações”. São autênticas e dizem achar que devem tocar os negócios de forma diferente: “posso fazer diferente” ou “think diferente”, como Steve Jobs exigia na sua Apple. Se percebem como “melhoradoras” do futuro: “posso melhorar tudo e para todos”. Por isso, se agregam e compartilham em redes e não têm dúvidas ao elencar os aspectos essenciais para o sucesso: genética, ILPF, plantio direto, gestão de risco, seguro, bioenergia, meio ambiente, administração, planejamento, legislação ética, digitalização e uso correto da tecnologia. São ativistas e atuam como sendo o presente o resultado do futuro e não mais do passado.

4- Comunicação

Neste campo, as mulheres agro CNMA significam um autêntico show. Estão presentes e dominam as redes, fazem do WhatsApp, LinkedIn e Facebook elos permanentes de trocas de informações e experiências sobre compras, preços, inovações e, da mesma forma, se multiplicam os grupos e as associações de mulheres do agro pelo país. Além de se comunicarem entre si, geram lives, podcasts, se unem ao rádio e demais mídias. Poderíamos dizer que praticamente toda mulher agro CNMA se transformou numa “digital influencer”, pois, muito além de ser influenciada, ela influencia.

5 – Empreendedorismo

A mulher agro CNMA se define como preparada, conectada e instigante. Coloca como preocupação essencial não apenas a sucessão, mas a expressão “governança“ do seu ladinho, o que significa preocupação com a vida dos negócios a longo prazo. Tem olhares fortes para a comercialização. 

E, um exemplo extraordinário que ouvi de uma dessas líderes, pecuarista de leite, a Maria Antonieta Guazelli, da Rex, (com seu estudo de caso apresentado numa formulação de design thinking no congresso), que me disse: “Quando eu entendi que, além de ser produtora eu sou vendedora, tudo mudou em alta velocidade na minha propriedade. Nós precisamos compreender que nossos clientes são laticínios, agroindústrias, tradings e supermercados, além dos consumidores finais”. Sob o empreendedorismo, as mulheres participam cada vez mais das compras, do crédito rural, das decisões do mix de produtos, do entendimento da legislação, desenvolvimento sustentável, leis ambientais e das bolsas. Têm noção da importância da imagem dos produtores perante a sociedade e desejam cultivar relacionamento com a cidade, construindo uma agrocidadania. Como curiosidade, as únicas coisas que as mulheres consideram serem atribuições exclusivamente masculinas são: carregar caminhões, aplicar defensivos e capinar (momento para descontrair – kkkkkkkk).

Observamos ao longo dos cinco congressos que este empreendedorismo está presente não apenas nas mulheres das grandes e médias propriedades. Ele ocorre na agricultura familiar, nas caravanas de cooperativas, em exemplos como integradas na cultura da palma, ribeirinhas, no Pará e, com destaque, para exemplos de operadoras de mecanização de precisão, como a Sra. Benigna Alves, do grupo Amaggi, bem simboliza.

6 – Afetividade

O poder de chegar ao cérebro pelo coração é chamado de carisma. As mulheres agro CNMA apresentam o talento da empatia, se colocam no lugar dos outros como se eles fossem. Da mesma forma, a empatia associada ao foco determinado de progresso, resiliência e superação, alavanca o diferencial feminino da intuição.

E está nessa organização do capital afetivo, com um talento pacificador, conciliador e democrático, que começamos a ver mulheres assumindo a liderança de entidades, associações e empresas.

As relações humanas e mesmo o bem estar animal, das plantas, solo e ambiental são características vivas como virtudes das mulheres agro CNMA. Um exemplo com destaque internacional é a Carmen Perez, representante brasileira convidada para eventos globais pelo seu maravilhoso trabalho na pecuária. Essa característica está presente em todas as mulheres agro, o cuidado, o amor.

Podemos destacar uma das iniciativas do CNMA 2020, o convite para a apresentação das “cientistas pesquisadoras da Embrapa“. E as descobertas de estudos do Center for Food Integrity (CFI), nos Estados Unidos, realizando que a pessoa ideal para se comunicar sobre ciência e alimentos, com o cidadão consumidor leigo, seria exatamente uma mulher, mãe e cientista.

Ao assistirmos o momento “minha voz no agro”, em que mulheres se inscrevem para contar casos e exemplos de sucesso, sem dúvida alguma, a razão movida com a paixão emocional da afetividade é de extraordinária beleza e persuasão.

7 – Responsabilidade

Deixamos a sétima virtude capital das mulheres agro CNMA para esta palavra fácil de ser falada e muito difícil de ser vivida. Americanos dizem que, além da estátua da Liberdade, na costa leste, deveria ter outra, a da Responsabilidade, na costa oeste dos Estados Unidos.

E responsabilidade está direta e umbilicalmente conectada ao item número 1 desta conclusão do perfil e dos papéis das mulheres agro CNMA, já na segunda década do século 21.

As pesquisas realizadas ao longo destes anos, pela FRAN6 e pelo IPESO, são excelentes e apontam a tendência inexorável da importância feminina na gestão e, adicionalmente, na liderança. O convívio com estas mulheres, de todas as partes do país e também de fora do Brasil, executivas de multinacionais, da rede de distribuição, estudantes, Educadoras, pesquisadoras, produtoras de todos os tamanhos e culturas; culminado pelo brilhante encerramento, em 2020, com Luiza Helena Trajano, do Magalu, evidenciando a credibilidade em si mesmas como fator determinante da contribuição da mulher para o mundo e, logicamente, para o agro. E ficamos muito impressionados com o nível de consciência do fator responsabilidade das mulheres agro CNMA. Elas não têm dúvida em colocar família, sucessão e governança como o fator de suas vidas. E também logo se notabilizam pela responsabilidade do amor pelo trabalho e com as consequências desse trabalho para todos os envolvidos, para o mundo que as cerca.

Não existe liderança se não for responsável. 

Os estudos de design thinking realizados ao longo destes cinco anos de CNMA, os prêmios para as mulheres que se destacam, como em 2018, Benedita Almeida do Nascimento venceu na categoria de pequena propriedade, da região de Moju/PA – Sítio da Bena, demonstra uma responsabilidade e um amor pela atividade, imensurável. As líderes que simbolizam cada evento, a participação da ministra Tereza Cristina 2020 e também em 2021, ao lado de convidadas mundiais; asseguro significar, da mesma forma, o exemplo vivo das mulheres do agro onde: “liberdade precisa necessariamente rimar com responsabilidade“.

Eu creio cada vez mais na vitória evolutiva da humanidade a partir da justa e inteligente equidade dos gêneros. E que estas sete virtudes capitais das mulheres agro CNMA nos iluminem e nos inspirem a todos, incluindo os governantes do País e do mundo.

José Luiz Tejon, sócio diretor da Biomarketing e Mentoring CNMA / YAMI.

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