Apontar países receptadores do ilegal é um tiro no agronegócio brasileiro LEGAL

18 de novembro de 2020 3 mins. de leitura
Tejon mostra o problema que o Brasil terá com a divulgação de que países compram madeira ilegal do Brasil

Por José Luiz Tejon Megido*

Não podemos mais exercer uma comunicação do agro num estilo de “briga de rua”. Um vizinho xingando o outro. Uma mistura do bem com o mal em que confundimos uma minoria como se fosse a imensa maioria. No Brasil, 1% de maus produtores (que não merecem esse nome, não são produtores são destruidores) mancham 99% dos corretos e legais.

E ao NÃO usar a lei contra os ilegais, amplificamos uma percepção de que somos uma maioria de incorretos. Não é verdade, mas a culpa pertence à péssima comunicação beligerante de acusações de vizinhos, um xingando o outro. Briga de rua.

Agora vem a ideia terrível de dizer ao mundo os países que tem como destino a madeira ilegal de ações criminosas dentro do Brasil, da mesma forma, estaremos amplificando e misturando o 1% dos criminosos, generalizando-os para 99%.

E se esses produtos saírem legalizados do Brasil? Como fica? Se eu fosse cliente cortaria totalmente o Brasil da minha lista de fornecedores. E como retaliação cortaria ainda todos os demais itens também.

Quer dizer uma besteira típica de tiro no pé, ou no peito? Ao dizer que o país X ou Y recebe madeira ilegal brasileira, estaremos com esse 1% condenando todas as nossas relações corretas, as cadeias de valor dentro da lei, das normas éticas, não só da madeira legal, como de todos os demais itens das nossas relações comerciais.

Uma burrice, iremos dizer olha o país X compra madeira ilegal do Brasil, significaria dizer, veja, eles são desonestos… uma imbecilidade comunicacional, uma incompetência comercial que o mais humilde vendedor de flanelinhas no cruzamento jamais cometeria.

Vamos generalizar (erro fundamental neurolinguístico), que aquela sociedade toda é também ilegal e jogaremos na lata do lixo das relações, toda parte dos 99% legais e corretos. Fora isso, mais uma vez estaremos usando a covarde estratégia da vitimização: “olha, os culpados são eles”.

Uma gota de água suja numa taça límpida e cristalina de água boa turva a água. E se mexer, a água cristalina desaparece e a água suja parece ficar dominante.

As lideranças do agro nacional precisam assumir a voz do Brasil para os brasileiros e para o mundo.

Chega de bate boca de briga de rua. 2021 vem aí, o mundo vai mudar e precisamos de uma nova relação de imagem, comunicação e liderança do agro brasileiro. A voz da sensatez e da lei. Simples assim. Está na hora de parar de falar besteira. Acusar países clientes do agro legal brasileiro como receptadores do crime é insensato e “burro”. Generalização com vitimização: Um tiro no legal.

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*José Luiz Tejon Megido é doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da Fecap; membro do Conselho da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, e sócio-diretor da Biomarketing.

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