A soja brasileira alimenta mais de 1 bilhão de pessoas em todo mundo

18 de dezembro de 2020 5 mins. de leitura
Nesta coluna, Bartolomeu Braz Pereira aborda a importância da oleaginosa para o desenvolvimento da economia no interior do interior do país

Embaixadores do Agro

Por Bartolomeu Braz Pereira*

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Produzida há mais de 100 anos, a soja brasileira alimenta mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. A onda migratória de agricultores do sul para o centro e o norte do país a partir da década de 1970 levou o grão para essas regiões. Investimos em pesquisa e tecnologia para adaptar as sementes ao clima tropical e corrigir a acidez e a baixa fertilidade dos solos brasileiros. E a soja se tornou a nossa principal commodity agrícola, com papel relevante para a economia.

Em 1990, ano de fundação da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), o país produziu 20,1 milhões de toneladas (mi/t) de soja. A área plantada foi de 11,55 milhões de hectares (mi/ha) e a produtividade média atingiu 1,740 quilos por hectare. As exportações do complexo soja atingiram 3,93 mi/t de grãos (US$ 864 milhões), totalizando US$ 3.010 bi.

Trinta anos depois, a produção aumentou 516%, superando 120 mil/t de soja em grãos. A área plantada subiu 220%, passando de 36 milhões de hectares e a produtividade cresceu 93%, chegando a 3,360 quilos por hectare.

Nos tornamos líderes nas exportações e os maiores produtores mundiais junto com os Estados Unidos. As exportações do complexo soja na safra 19/20 foram de 77 mi/t de soja em grãos (US$ 26,8 bi), 16,9 mi/t toneladas de farelo (US$ 5,9 bi), e 900 mil toneladas de óleo de soja (US$ 608,2 mi), totalizando US$ 33 bi. Tal a importância do grão para o Brasil que para cada US$ 100 exportados, US$ 14 são oriundos da soja.

Nas últimas 3 décadas, as plantações de soja alavancaram o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de municípios rurais brasileiros (Foto: Getty Images)

A China foi o destino 66 milhões de toneladas de soja em grãos, o que corresponde a 85% das exportações na safra 19/20. Os números reforçam a importância da parceria comercial entre os dois países e mostram sinais de aquecimento do mercado de grãos em meio à pandemia. 

Na comparação entre a safra 18/19 e a safra 28/29, as projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (Embrapa) são de aumento de 32% da produção, 22% do consumo e 41% das exportações. A área plantada no período deve ter uma elevação de 25%, passando de 36 mi/ha para 45 mi/ha.

A soja tem papel relevante na sustentabilidade social e ambiental. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1991, 79% dos municípios rurais apresentavam baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e 20% tinha IDH muito baixo. Em 2018, 57% dos municípios rurais passaram a apresentar IDH alto e 38% IDH médio. A cadeia produtiva da soja reúne 240 mil produtores e gera empregos na produção, indústria, comércio e serviços em pequenas, médias e grandes cidades.

A soja brasileira é a mais sustentável do mundo. Nenhum outro país que é grande produtor de alimentos preserva tanta vegetação nativa quanto o Brasil. Dos 851,6 milhões de hectares do território nacional, 66% estão preservados. A produção de soja ocupa apenas 4% da área total do país, o equivalente a 36 milhões de hectares. Dos 66% de vegetação nativa do país, 25% delas estão dentro de fazendas.

Desde 2012, ano de aprovação do Código Florestal, os produtores brasileiros são obrigados por Lei a destinar de 20% a 80% de suas propriedades para preservação ambiental, além de florestas, margens dos rios, nascentes e topos de morros.

Entre os dez países com maior extensão territorial, o Brasil é o sétimo em áreas de lavouras (7,6%). Dos grandes produtores de alimentos, o país é o que mais preserva seus recursos naturais. E entre as nações do G-20, o Brasil é o terceiro que mais possui cobertura arbórea (61%). Somos os maiores produtores mundiais, cultivamos a soja com o maior teor de óleo e proteína, ideal para produzir carnes, e mantemos as florestas de maior biodiversidade do planeta. 

Em escala global, o cenário é de incertezas e desafios. Em 2019, houve o surto de Peste Suína Africana (PSA), seguido da pandemia de coronavirus. O que poderia ser motivo de preocupação está sendo superado. A demanda continua aquecida e a produção de grãos do Brasil não foi alterada.

Os próximos anos serão de aumento do protagonismo da soja produzida no país e de consolidação do Brasil como potência agrícola. Neste momento em que a Aprosoja Brasil celebra 30 anos, podemos nos orgulhar de dizer que sustentabilidade é a nossa marca.

*Bartolomeu Braz Pereira é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja – Aprosoja Brasil.

Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

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