Senar-SP oferece cursos para trabalhadores rurais

Aumentar a renda das propriedades e fixar a população no campo são objetivos dos mais de 400 títulos disponibilizados gratuitamente pela instituição

Por Estadão Blue Studio e Faesp

Imagine um lugar em que pessoas que atuam ou desejam atuar no meio rural, em todo o Estado de São Paulo, podem fazer cursos gratuitos e presenciais sobre os mais diversos temas voltados ao universo agrossilvipastoril: da apicultura ao artesanato, da operação de máquinas ao gerenciamento da propriedade, da inclusão digital ao combate a incêndios. Esse lugar existe: é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de São Paulo (Senar-SP), vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).

O catálogo de cursos soma mais de 400 títulos, com carga horária que pode ir de apenas oito horas até 1.600 horas. Oferecidos em parceria com os 237 sindicatos rurais ligados ao sistema, que atuam em todos os 645 municípios paulistas, os cursos têm a agenda anunciada pelo site faespsenar.com.br.

A proposta é atender todos os segmentos do setor – agricultura, pecuária, aquicultura, agroindústrias e prestadoras de serviço, entre outros. Novos títulos são desenvolvidos a partir da demanda de capacitação e da necessidade do mundo do trabalho, e a atualização de cursos já existentes ocorre regularmente por meio de necessidades identificadas pelos sindicatos, de acordo com as especificidades e necessidades locais. Para cumprir a programação, o Senar-SP conta com um exército composto por mais de mil instrutores especializados nos temas que cobrem.

Alguns assuntos permanecem sempre atuais e necessários, como a segurança do trabalhador rural – a importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e como fazer o descarte correto de ampolas, embalagens de agrotóxicos e óleo de tratores. Há também os temas que se impõem pelos acontecimentos e cenários do mercado, a exemplo de “Introdução à Agricultura Regenerativa” (conjunto de práticas agrícolas sustentáveis que buscam restaurar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade e melhorar a resiliência dos ecossistemas) e dos cursos de prevenção e combate a incêndios no campo, intensificados a partir das ocorrências que devastaram parte da produção rural paulista no ano passado.

Olhar para o futuro

“Uma preocupação palpável dos nossos cursos é contribuir para a sustentabilidade financeira das propriedades, tanto com uma gestão mais eficiente quanto com a viabilização de novas fontes de renda”, ressalta Jair Kaczinski, gerente do Senar-SP. Nessa linha, o empresário rural pode se inscrever no Proer, programa que oferece uma visão estratégica do empreendimento e ajuda a produzir um balanço financeiro confiável – muitos produtores não têm noção real se estão tendo lucro ou prejuízo, pois os custos das propriedades não são corretamente mensurados e as contas pessoais se misturam com as do empreendimento.

Outro curso de formação é o Jovem Agricultor do Futuro, que proporciona a aquisição de competências relacionadas ao desenvolvimento como pessoa autônoma e responsável. “Um dos pontos cruciais dessa formação é incentivar o jovem a interagir com a sociedade em torno dele, ir à cidade, fazer contatos, conversar, largar um pouco o celular e ver como a vida funciona de verdade”, observa o gerente do Senar-SP.

O curso reflete, também, a preocupação com a sucessão nas propriedades rurais. Grande parte dos gestores dessas propriedades no Estado de São Paulo está na faixa acima dos 50 anos e ainda não preparou quem a irá substituir. “Nesse cenário, há grandes chances de que os futuros herdeiros decidam simplesmente vender a propriedade, e que o comprador seja alguém que já possua outras terras, o que intensificará ainda mais a concentração do setor”, lamenta Kaczinski.

Capacitação e promoção social

Mais de 5 milhões de pessoas já foram beneficiadas pelos cursos do Senar-SP, instituição que teve a criação prevista pela Constituição de 1988 e que começou a ter atuação efetiva no Estado de São Paulo em 1993. A iniciativa resultou de uma proposta apresentada pelo então presidente da Faesp, Fábio Meirelles, com o objetivo de que a administração dos cursos de qualificação dos trabalhadores rurais ficasse sob a incumbência dos próprios empresários do setor, nos mesmos moldes do que já ocorria na indústria, com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), e no comércio, com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

“A diferença é que, no Senar, a mesma instituição cuida da capacitação da força de trabalho e da promoção social. Ou seja, faz também o trabalho que no Senai é realizado pelo Sesi e no Senac é incumbência do Sesc”, explica Kaczinski. Na área de promoção social, o Senar-SP atua em frentes como alfabetização, esporte e lazer, promoção da saúde, resgate das tradições e fortalecimento do artesanato.

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Foto: Divulgação Faesp/Senar-SP