BRS Terena possui maior capacidade de conservação e é focada no mercado de consumo in natura Por Paloma Custódio – editada por Mariana Collini em 05/12/2024 A Embrapa Clima Temperado, em parceria com a Embrapa Uva e Vinho, desenvolveu uma nova cultivar de amora-preta focada no mercado de consumo in natura. Com sabor mais doce, […]
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BRS Terena possui maior capacidade de conservação e é focada no mercado de consumo in natura
Por Paloma Custódio – editada por Mariana Collini em 05/12/2024
A Embrapa Clima Temperado, em parceria com a Embrapa Uva e Vinho, desenvolveu uma nova cultivar de amora-preta focada no mercado de consumo in natura. Com sabor mais doce, alta produtividade e maior período de conservação pós-colheita, a BRS Terena oferece vantagens comerciais para os agricultores.
O principal destaque é o sabor mais adocicado em comparação com outras cultivares. Enquanto a Terena possui um teor de 10,3º Brix (proporção de açúcar em uma solução), a Tupy tem 8,9º e a Cainguá, 9,5º. Além disso, a proporção de açúcar em relação à acidez, chamada de ratio (divisão do Brix pela acidez), é o que destaca a BRS Terena no paladar dos consumidores.
Em entrevista ao Agro Estadão, a coordenadora do projeto e pesquisadora da Embrapa, Maria do Carmo Raseira, explicou que a amora-preta (gênero rubus) é naturalmente mais ácida. Por isso, desde 2008, a equipe buscou aumentar a relação entre açúcar e acidez para que a fruta tivesse um sabor mais doce ao paladar. “Enquanto essa relação na Tupy fica em torno de 6 ou 7, na Terena ela fica, na fruta fresca, em torno de 11 e, na fruta congelada, em torno de 13”, detalha.
BRS Terena pode ser conservada por 10 dias após colheita
Outra vantagem comercial da BRS Terena é a capacidade de conversação. Em testes realizados no Laboratório de Fisiologia de Pós-colheita da Embrapa Clima Temperado, a nova cultivar manteve as características durante dez dias de armazenamento em câmara fria. “Como não foi avaliado por mais tempo que isso, pode ser até que se conserve por mais tempo”, avalia a pesquisadora.
A coordenadora do projeto afirma que a nova cultivar pode ser comercializada, tanto in natura, quanto processada para fazer geleias, suco, iogurte e desidratada. “Estamos dando enfoque para comercialização in natura, porque o preço é muito diferente. Dependendo de onde está localizado o plantio, o preço médio ficou em torno de R$ 30 o quilo, às vezes R$ 50”, destaca.
Produtividade
A BRS Terena é indicada para regiões Sul e Sudeste, além de algumas áreas do Nordeste do país, onde já existem cultivos de amoreira-preta. A produção média é de 1,2 kg de fruta por planta, com picos de até 1,8 kg. A estimativa da Embrapa é que a cultivar ofereça um potencial de lucro líquido em torno de R$ 30 mil por hectare, além das vantagens operacionais, já que ela possui menor densidade de espinhos em relação à Tupy, o que facilita o manejo e a colheita.
A pesquisa da Embrapa observou que, na produção sem suporte de arame e sem irrigação, a amoreira-preta da BRS Terena produziu cerca de 9 toneladas de fruta por hectare. Já com o suporte com arame, mantendo a planta mais elevada, a produtividade dobrou.
“Outro fator que influencia é justamente a irrigação, pelo menos naqueles períodos de seca, o que não é raro no verão. Então, nesse período, seria interessante ter uma maneira de compensar essa falta de água”, recomenda a pesquisadora Maria do Carmo.
A BRS Terena também se mostrou mais produtiva em solos mais ácidos. “Não tão ácidos, como é o caso do mirtilo, mas com uma acidez moderada. Então, em solos alcalinos, pode ter problema”, ressalta.
Segundo a pesquisadora da Embrapa, os produtores rurais já mostraram interesse em cultivar a BRS Terena, mas é preciso considerar dois fatores: “Um deles é que, quando alguém vai pensar em plantar, tem que saber para quem vai vender, qual o mercado que ele quer atender. E o outro é a mão de obra. Os plantios normalmente são pequenos, porque um hectare precisa de oito pessoas para colher”, enfatiza.
Desde o lançamento em 27 de novembro, as mudas de BRS Terena estão disponíveis para compra em viveiros licenciados, como o Frutplan Mudas, em Pelotas (RS), e o Guatambu Viveiro de Mudas, em Ipuiúna (MG).
Foto: Embrapa Clima Temperado/Divulgação