Preço da venda de commodities e do adubo continuam em alta; apesar dos bons números na exportação, produtor brasileiro pode ficar com a margem de lucro apertada
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O primeiro quadrimestre de 2022 dá algumas indicações de como será o ano dos produtores rurais brasileiros. A alta das exportações de alguns setores não se traduziu em um aumento significativo do lucro, a maior dificuldade tem sido o aumento dos custos de produção, principalmente devido à subida dos preços dos adubos e do petróleo. Com a alta, a consultoria MacroSector também estimou que a venda interna de adubo em 2022 deve ser 8% menor do que no ano anterior.
Entre janeiro e abril deste ano, o Brasil importou praticamente o mesmo volume de fertilizantes do que em relação ao ano passado; os gastos, porém, foram 147% superiores aos de 2021, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), totalizando cerca de US$ 6,5 bilhões — R$ 32,5 bilhões. Apenas entre março e abril, a alta acumulada no valor dos adubos no País foi de 53%.
A principal explicação para esse aumento foi o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, que levou à paralisação da produção ucraniana e a imposições de sanções à Rússia, principal fornecedora de fertilizantes do Brasil. A falta de oferta internacional do produto e a corrida internacional em busca de outros países produtores deixaram o preço do insumo extremamente volátil.
Apesar das dificuldades para os produtores, o Brasil tem conseguido bons resultados nas exportações no primeiro quadrimestre do ano. Com o preço internacional das commodities em disparada, até mesmo os produtos com pouca melhora nas exportações geraram uma receita maior.
Um exemplo disso é o caso da soja, cujas exportações alcançaram 32,6 milhões de toneladas, ou seja, 3% a mais do que no ano anterior. As receitas, porém, foram 38% maiores do que no mesmo período de 2021, alcançando US$ 17,6 bilhões (R$ 88,1 bilhões).
O café chegou a registrar uma pequena queda no volume de exportações em relação ao primeiro quadrimestre de 2021. O grão movimentou US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) nos primeiros quatro meses do ano — número 59% maior do que no mesmo período do ano anterior.
As carnes também tiveram bons resultados: o volume de exportações de proteínas frescas, refrigeradas ou congeladas no primeiro quadrimestre de 2022 foi 11% maior do que no mesmo período de 2021, e as receitas subiram 71%, atingindo US$ 6,5 bilhões (R$ 32,5 bilhões).
Uma das poucas proteínas exportadas em menor volume foi a carne suína, visto que 2022 marcou a recuperação dos números do rebanho chinês após anos de queda devido aos abates causado pela peste suína africana (PSA). As exportações de carne de porco caíram 5% no período, e as receitas tiveram uma queda de 17%, totalizando US$ 644 milhões (R$ 3,2 bilhões).
A tendência de alta dos preços das commodities deve continuar. Segundo a consultoria MacroSector, elas devem ter uma valorização de 28% em dólar em 2022, o aumento não deve ser maior apenas por conta da elevação das taxas de juros em todo o mundo. Ainda de acordo com a consultoria, o preço médio do petróleo deve fechar, em 2022, 34% mais caro em relação ao valor no final de 2021.
Com os preços flutuando, alguns produtores — de milho e soja, por exemplo — veem sua margem de lucro diminuir. No ano passado, uma tonelada de soja equivalia a 14,6 sacas do grão, e hoje são necessárias 23,6 sacas para alcançar esse volume.
Fonte: Diário do Comércio, UDOP, Farm News