Empresas se uniram para lançar modelo que permitirá a produtores rurais a incorporarem autossuficiência em energia elétrica
Publicidade
Por José Luiz Tejon Megido
Nasce a perspectiva de uma nova fazenda brasileira em 2022. Assisto a essa possibilidade em Patos de Minas (MG), no início de um forte movimento da implantação de biodigestores nas propriedades rurais da proteína animal, cujos dejetos são processados e transformados em energia elétrica e também no combustível biometano.
Neste momento, duas empresas com tecnologia nacional se reuniram, a Auma energia e a MWM Motores e Geradores, para lançar um modelo que permitirá a todos os produtores rurais incorporarem autossuficiência em energia elétrica e, ao mesmo tempo, substituir os veículos movidos a combustível fóssil pelo biometano, originado do biogás.
A MWM está lançando um gerador pequeno movido a biogás, possibilitando que pequenos produtores façam seu gás natural renovável, cuja ideia encantou o ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite.
Temos no mínimo 1,6 milhão propriedades rurais de pequenos produtores, por exemplo na produção de leite, cujos dejetos além de não emitirem gás carbono para a atmosfera podem retirar os gases efeito estufa, transformando lixo em riqueza para aumentar a rentabilidade dos pequenos produtores bem como produzir alimentos sustentáveis e saudáveis.
Eduardo Luzzi, presidente da MWM, em reunião com o ministro, falou dessa perspectiva para o agro nacional e fez com que Leite pedisse uma análise inicial de como o governo poderia incentivar e estimular essa excelente iniciativa, onde todo setor pós-porteira das fazendas, frigoríficos, agroindústrias e laticínios se interessarão em viabilizar.
Além do setor rural propriamente dito, empresas que coletam restos dos supermercados em São Paulo também iniciam um movimento de criar seus biodigestores, processar essa massa que iria virar lixo e com isso gerar biogás e biometano.
Para um produtor de suínos médio, o biogás diminui pela metade suas despesas de eletricidade, com biometano irá diminuir da mesma forma sua despesa com as máquinas e veículos, e isso tudo ainda gera fertilizantes excelentes para as suas lavouras, ou mesmo para vender para o mercado.
As indústrias de alimentos e bebidas engajadas no movimento ESG, meio ambiente, responsabilidade social e governança, precisam ser sustentáveis numa gestão de economia circular. Ou seja: desde a origem nos campos, das carnes, ovos e do leite. E isso vai exigir transporte com combustível de gás natural renovável, exatamente produzido pelos produtores rurais doravante.
Nasce uma nova fazenda, um novo fazendeiro. Produtores de energia limpa e renovável transformando dejetos, restos, esterco, lixo em saúde ambiental e lucratividade empresarial.
São exemplos em grandes, médias e pequenas propriedades. Os pequenos produtores da propriedade Pirapitinga, em Presidente Olégario (MG), afirmam: “Com meio ambiente e gestão, aumentamos o nosso lucro com nossas 78 vacas de leite”. Ali, os irmãos José Maria Pinheiro, João Maria e Ezequiel Maria têm governança, responsabilidade social e realizam gestão competitiva. Na grande propriedade de hortaliças em São Gotardo (MG), um show onde uma atividade leiteira foi criada para gerar biogás, eletricidade e biometano, que movimenta uma das maiores atividades de horticultura do País.
Começamos a ver que ESG não é feita para alguns, é para todos. E também acredito hoje que não existe pequeno produtor rural, existe sim pequeno pensamento estratégico empresarial: tem grandes que pensam grande e ficam cada vez maiores, existem grandes que pensam pequeno e irão desaparecer, e os pequenos que pensam e agem grande, irão cada vez mais crescer.
O ministro está entusiasmado com o biogás do agronegócio e, com certeza, todo o País também ficará.