Commodities tiveram mais de 50% de alta nos preços em 2021 e os valores não devem cair tão cedo
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O Banco Central (BC) divulga um indicador referente aos preços das commodities no Brasil, o IC-Br. O indicador calcula, em reais, as variações de preços das commodities agrícolas, metálicas e energéticas. No início de janeiro, o BC divulgou que, no País, as commodities tiveram uma média de 50,72% de aumento em 2021.
No mundo este índice é calculado pelo Commodity Research Bureau (CRB). O órgão divulgou que as commodities tiveram um aumento de 43,80% globalmente no mesmo período.
Impulsionadas pelas baixas taxas de juros e pelo aumento das demandas, reflexo da volta do comércio pós-pandemia, as commodities tiveram fortes elevações de preços em 2021. Todas as categorias apresentaram uma tendência de elevação do preço.
As commodities agrícolas (carne de boi, carne de porco, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, arroz, café, suco de laranja e cacau) tiveram um aumento de 45,23% em 2021.
Já as commodities metálicas (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo, níquel, ouro e prata) marcaram um aumento de 48,50% no mesmo período.
O recorde de aumento foi marcado pelas commodities energéticas (petróleo Brent, gás natural e carvão) que chegaram a um aumento de 73,89% em 2021.
A maioria dos especialistas concorda que o patamar de preços elevados deve continuar ou apresentar ligeiras quedas. Vejamos as tendências para 2022 de cada categoria.
As commodities metálicas, puxadas principalmente pelo minério de ferro, devem ter uma manutenção do valor em 2022. O minério sofreu uma queda de preço no segundo semestre de 2021, depois que a China impôs uma série de restrições à produção do aço. A medida foi adotada para tentar frear uma crise de bolha imobiliária que começou a se desenhar no país asiático. Porém, o apetite de crescimento chinês já deu novos sinais de retomada no fim de 2021 e o preço do minério de ferro deve se estabilizar em um valor próximo de US$ 120 por tonelada para 2022.
O petróleo é outra commodity que não verá seu valor voltar aos níveis pré-pandêmicos tão cedo. Após ter sofrido uma grande queda de preço no início da pandemia causada pelo coronavírus, em razão da adoção de lockdowns, o jogo virou em 2021. Com a retomada do crescimento de diversos países, a busca pelo principal combustível fóssil cresceu e os estoques estavam em baixa. Com isso, vimos o aumento dos combustíveis em todo o mundo, e o reflexo na gasolina, no diesel e no etanol brasileiros.
Para 2022 a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) , que regula o valor do barril do petróleo, não dá sinais de querer mudar o equilíbrio entre oferta e demanda alcançada no fim de 2021. Portanto, o barril do petróleo deve continuar com o valor flutuando entre os atuais US$ 70 e US$ 80.
Vale ressaltar o papel que o aumento das commodities energéticas desempenha no agronegócio brasileiro. Além da importância do preço do petróleo para o diesel, que abastece a maioria das máquinas agrícolas e dos caminhões de transporte, o valor dos insumos também pode ser afetado. Isto porque a maioria dos países produtores de defensivos agrícolas depende do carvão e do gás natural na indústria, assim a manutenção dos preços deve manter o valor dos insumos em patamares elevados.
As commodities agrícolas, que tiveram um aumento estimado de mais de 22% no ano passado, devem ter ligeira queda em 2022. A projeção é do Banco Mundial e considera a normalização do abastecimento que deve ocorrer depois das crises climáticas, causada, entre outros, pelo efeito do fenômeno La Niña.
Além disso, o aumento das taxas de juros pelo mundo afora é a principal estratégia contra o aumento da inflação. Com taxas altas, diminui-se a demanda de consumo e investimentos, forçando os preços para baixo.
Apesar da expectativa de nova safra recorde em 2022, o produtor deve ficar atento. A tendência é de pequena queda dos preços das commodities agrícolas e de manutenção, e até aumento dos preços de insumos.
Fonte: Inteligência Financeira, Brasil 61, Levante Ideias, Farm News, IPEA, Cerrado Case, Info Money, The Edge Markets, Investing.