Custo da produção de alimentos deve continuar subindo em 2022 - Summit Agro

Custo da produção de alimentos deve continuar subindo em 2022

6 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura

Aumento dos insumos deve continuar pressionando os custos da produção da próxima safra

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A produção de alimentos no Brasil deve ficar mais cara em 2022. A conclusão é do Projeto Campo do Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a partir de um levantamento de dados econômicos e técnicos de mais de 40 atividades agropecuárias. 

Segundo o relatório, tanto os custos de adubos quanto de defensivos agrícolas elevaram o custo da produção e diminuíram o lucro dos produtores neste ano, o que deve continuar impactando o valor dos alimentos em 2022.

O aumento dos preços de insumos é um reflexo do cenário internacional, que está com uma escassez de oferta, devido à paralisação de diversas fábricas chinesas durante a pandemia e à mudança da política ambiental do país asiático. Com a demanda em alta para a execução da safra 2021/22, os preços dispararam.

Insumos tiveram preços elevados por causa da demanda forte versus oferta baixa. (Fonte: T.O.B/Shutterstock/Reprodução)
Insumos tiveram preços elevados por causa da demanda forte versus oferta baixa. (Fonte: T.O.B/Shutterstock/Reprodução)

Como vão ficar os gastos dos produtores no próximo ano?

A CNA faz um levantamento que inclui todas as variáveis de gastos dos produtores de alimentos, como insumos (fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas), operações mecânicas e comercialização. Isso é chamado de Custo Operacional Efetivo (COE), e a maioria das culturas brasileiras viu o COE da safra 2020/21 disparar em relação ao ano anterior.

Vários fertilizantes chegaram a dobrar de preço e, com os defensivos, não foi diferente: o glifosato subiu mais de 126% e é o mais usado nas lavouras brasileiras; já o cloreto de potássio (KCl) aumentou 152,6%; enquanto a ureia, 70,1%; e o fosfato monoamônico (MAP), 74,8%.

A produção nacional de fertilizantes há muito tempo não dá conta da demanda do País. Na primeira metade do ano de 2021, o Brasil utilizou 23,9 milhões de toneladas desses insumos, sendo que apenas 3,7 milhões foram produzidos nacionalmente, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Assim, com a dependência de insumos chineses, não há outra alternativa a não ser subir os preços de venda para recuperar os gastos.

Na safra 2020/21, o COE da soja subiu 17% em relação à última safra; o do milho, que ainda sofreu com a praga das cigarrinhas, chegou a aumentar 25,7%; o feijão viu o aumento de 7% do Custo Operacional Efetivo; e o café arábica, de 15%.

Um dos problemas do aumento do COE é o efeito cascata. O milho, que foi uma das commodities com maior aumento de custo de produção, é um dos principais responsáveis pela alimentação de animais, o que acaba encarecendo o preço das carnes.

A aplicação de fertilizantes em plantação de milho com preço elevado impacta no valor da carne. (Fonte: maRRitch/Shutterstock/reprodução)
A aplicação de fertilizantes em plantação de milho com preço elevado impacta no valor da carne. (Fonte: maRRitch/Shutterstock/reprodução)

Preocupação com a falta de insumos e os preços

Após toda a preocupação com a diminuição de oferta de insumos por parte da China, os produtores brasileiros tiveram outra má notícia no início de novembro: a Rússia também prometeu reduzir as exportações. Com medo da falta de fertilizantes para a produção nacional, o presidente Putin sancionou uma lei que determina cotas máximas do quanto pode ser exportado de fertilizantes complexos e nitrogenados durante os próximos seis meses.

Parte dos produtores brasileiros começa a se preocupar com uma possível falta de fertilizantes e outros insumos para a safra 2021/22. Porém, uma das esperanças é que os efeitos climáticos do fenômeno La Niña sejam mais fracos nesta safra, o que deve evitar secas prolongadas e geadas surpresas, assim diminuindo o problema de perda de produtividade.

O custo elevado da produção acaba refletindo no bolso do consumidor brasileiro. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), uma cesta básica composta com os 35 itens mais vendidos nos mercados teve um aumento de 22,23% nos últimos 12 meses.   

Fonte: ABIA, Conexão Agro, Roda de Cuia. 

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