Na sua coluna de estreia, Camila Telles aborda as falácias divulgadas sobre o agronegócio e a urgente necessidade do setor mostrar seu real funcionamento ao público urbano
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Por Camila Telles*
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Quem me acompanha nas redes sociais conhece minha defesa incansável do agronegócio brasileiro. Sempre defendi que deveríamos usar a comunicação como ferramenta estratégica para valorizar o agro e assim sigo defendendo. Mas com o frequente uso das redes sociais e com a influencia que pessoas, sem o convívio com o campo possuem, tá difícil.
Muitos que diziam que eu dava palco para “acéfalos”, em 2020, começaram a ver de outra forma. Não é uma questão de dar palco, é uma questão de “roubar” a atenção da plateia. São milhões de jovens formando suas opiniões com base no que é dito por personalidades que nunca sujaram a mão de terra e que desenham o agro como algo muito errado, muito ruim!
Somos valorizados? Somos! As pessoas valorizam o agro que nos alimenta! Mas a geração que está chegando, não vê dessa forma! Vimos ativistas com ideologias políticas detonando um setor sem argumentos reais, com a mesma ladainha de sempre e com aplausos de milhões de seguidores que não conhecem a realidade do próprio país.
São sempre os mesmos discursos:
Parem de comer carne – A carne virou assunto nas apostilas escolares como algo negativo. E muitos que não consomem a carne se baseiam em discursos bonitos e rasos de lacradores de internet que não sabem o que é ILP (Integração Lavoura Pecuária), ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta), CCN (Carne Carbono Neutro) e por aí vai. Essas mesmas pessoas não querem ver que o boi não é o problema, e sim o manejo que os produtores brasileiros estão se destacando para melhorar cada vez mais.
Estamos comendo veneno – Quem nunca ouviu isso? Mas será que ninguém parou para pensar que o produtor rural não gosta de usar químicos? E que ele procura achar substituições rentáveis para a lavoura? E será que essas pessoas entendem que produzir no Brasil é um grande desafio? Nosso clima é propício para desenvolvimento de pragas 365 dias por ano. Não é para qualquer um produzir por aqui.
Eu odeio soja e produção em grande escala – E se eu disser que existem fazendas de produção em grande escala aqui no Brasil que usam pouquíssimos químicos e que muitas nem usam?
O Brasil é a fazendinha do mundo – E isso deve ser motivo de orgulho!!! Produzindo cada vez mais, o agro brasileiro reduziu drasticamente o preço da alimentação, melhorando a saúde e qualidade de vida da população urbana, liberando seu poder de compra para bens produzidos pela indústria e pelo setor de serviços. O nosso agro vende para o mundo e a conquista de novos mercados não pode ser vista de forma negativa. Até porque isso pode gerar superávits cambiais que libertam a economia brasileira.
Odeio transgênicos – E se eu te disser que os transgênicos nada mais são do que uma evolução do melhoramento genético convencional, e que permitem transferir características de interesse agronômico entre espécies diferentes? Eles aumentam a produção agrícola, otimizam o uso de insumos e desenvolvem plantas mais adaptadas aos desafios do campo. Isso faz com que mais alimentos estejam disponíveis para consumo direto ou indireto.
Os produtores rurais estão acabando com a nossa biodiversidade – Temos, hoje, uma agricultura adaptada às regiões tropicais e uma legião de produtores rurais conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente aliadas à produção de alimentos. Essas pessoas compõem o setor produtivo mais moderno do mundo, que vem transformando a economia brasileira.
Vocês entendem? Esses são algumas das objeções e mitos que escuto ou leio todos os dias. Por isso vou usar esse espaço aqui que, por sinal, estou muito feliz em ter, para mostrar o outro lado! O lado que as pessoas acabam não tendo acesso!
Precisamos parar de pregar para convertido e mostrar que o agronegócio do nosso Brasil está longe de ser um problema e cada vez mais próximo de ser a solução.
*Camila Telles é produtora rural, empresária, comunicadora e defensora do agro brasileiro. Formada em Relações Públicas com especialização em Marketing Estratégico, seus vídeos nas redes sociais têm mais de 1 milhão de visualizações, atingindo também o público que não tem convívio com o setor.
Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.