Situado em Piracicaba, o SPARCBio tem por objetivo promover novas tecnologias e produtos voltados a uma agricultura, cada dia mais, sustentável
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Por José Roberto Postali Parra*
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O SPARCBio (São Paulo Advanced Research Center for Biological Control) é um centro avançado de pesquisas, inédito no país, envolvendo uma interação empresa-universidade-governo, com a finalidade de desenvolver um modelo de controle biológico de pragas e doenças para regiões tropicais. Após a abertura de chamada pública de propostas de pesquisa pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o centro foi lançado em fevereiro de 2020.
Idealizado a partir da parceria entre a Fapesp, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) e a Koppert Biological Systems, empresa líder em controle biológico do mundo, o centro tem como missão desenvolver projetos de pesquisa, produtos e tecnologias que resultem no uso e fortalecimento do controle biológico e do manejo integrado de pragas e doenças para a adoção de uma agricultura mais sustentável no Brasil.
Durante 10 anos, serão investidos recursos dos três parceiros mencionados, sendo que a Esalq, em Piracicaba (SP), sedia e coordena as atividades científicas do SPARCBio.
Tais investimentos ampliarão as pesquisas inter e multidisciplinares na área de bioinsumos, em âmbito nacional e internacional, gerando produtos e tecnologias voltados a uma agricultura cada dia mais moderna.
O projeto tem o desafio de mudar a “cultura” dos produtores rurais brasileiros mostrando a competitividade do controle biológico na comparação com os agroquímicos. Esta quebra de paradigma é uma das metas prioritárias do SPARCBio e somente será possível por meio da educação e da difusão do conhecimento para promover uma maior aceitação dos biológicos.
A equipe de pesquisadores do centro desenvolve projetos em cinco linhas de pesquisa: prospecção de novos agentes de controle biológico e sua distribuição geográfica; processos de produção e automação de macro e micro-organismos benéficos; novas formulações de micro-organismos (fungos, bactérias, vírus, metabólitos secundários, entre outros); avaliação de riscos e benefícios do controle biológico; e estratégias para utilização do controle biológico e semioquímicos (como feromônios, por exemplo) no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Por meio de projetos, o SPARCBio está integrado com diferentes universidades brasileiras, como UNESP (Universidade Estadual Paulista), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), UFV (Universidade Federal de Viçosa), UFLA (Universidade Federal de Lavras), UFPR (Universidade Federal do Paraná), UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), UEM (Universidade Estadual de Maringá) e internacionais como a Universidade da Califórnia (Davis), a Universidade de Minnesota e Illinois, nos EUA, e a Universidade de Copenhagen, na Dinamarca. Haverá ainda cooperação de instituições de pesquisa no Brasil, como a Embrapa. E no exterior, com o INRA Sophia Antipolis, na França e USDA ARS, nos EUA.
A organização do centro tem a participação de um diretor e um vice-diretor, um Comitê Executivo, com gerentes para educação e transferência de tecnologia, ao lado de um Conselho Consultivo Internacional (International Advisory Board), além de uma equipe multidisciplinar de 23 pesquisadores (cinco deles estrangeiros), altamente qualificada, que conduz as atividades nas linhas de pesquisa mencionadas. Estes pesquisadores têm o apoio de bolsistas de Pós-Doutorado, Doutorado, Mestrado e Iniciação Científica, totalizando entre 60 e 70 pessoas envolvidas com o desenvolvimento de tecnologias e produtos compatíveis com um modelo de controle biológico para regiões tropicais.
A parceria traz benefícios a todos os envolvidos e, principalmente, para a sociedade. A universidade ganhará com “royalties” e a empresa com o desenvolvimento de tecnologia e novos produtos. Assim, o Brasil deixará de ser usuário de tecnologia externa para ser gerador e disseminador de produtos biológicos.
Como o crescimento da utilização do controle biológico no Brasil é superior aos 10-15% ao ano, na comparação com o resto do mundo, espera-se que este centro possa contribuir para alavancar a sustentabilidade da agricultura brasileira.
*José Roberto Postali Parra é engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Entomologia, professor do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq/USP e diretor do SPARCBio**
**SPARCBio é a sigla em inglês para Centro de Pesquisa Avançada em Controle Biológico de São Paulo.
Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.