A expectativa da Abimaq é de um faturamento de R$ 45 bilhões, com um aumento de 10% nas vendas nominais
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Por João Carlos Marchesan*
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Apesar da pandemia da covid-19 que criou dificuldades logísticas e de produção, o setor de máquinas e implementos agrícolas brasileiro não parou em 2020. As vendas devem apresentar um crescimento real de 12% (descontada a inflação) e nominal de 20% – na comparação com o ciclo anterior – e o faturamento estimado é de R$ 40 bilhões.
Esse cenário deve-se a uma ótima safra agrícola, ao recorde das exportações do agronegócio e a valorização do dólar em 30%, que propiciou uma grande rentabilidade para os agricultores das culturas de exportação: soja, milho, café, algodão, laranja, celulose e carnes.
Os produtores rurais aproveitaram os preços dos grãos em alta para aumentar a área plantada e investir em máquinas agrícolas, que são determinantes para extrair o melhor da lavoura. Outro ponto que alavancou a comercialização no setor foi a defasagem tecnológica existente no Brasil: 50% do parque industrial tinha mais de 10 anos de uso e precisava ser renovado e modernizado.
Já as exportações em 2020 foram impactadas negativamente pelo coronavírus, pois as economias dos principais parceiros comerciais, principalmente da América do Sul, não tiveram boa performance. Quanto às importações, houve o aumento de custo de 30% devido à desvalorização do real, o que restringiu a entrada de importados no país no ano passado.
Para este ano, a perspectiva é de um o mercado de máquinas agrícolas promissor, pois os preços das commodities estão bons, o dólar está num bom patamar e as chuvas voltaram. Então temos a expectativa de ser um ano excelente com relação ao clima e sem falta de crédito com as suplementações que estão sendo feitas pelos bancos particulares e pelo próprio BNDES.
Além disso, o Brasil se tornou um grande fornecedor de alimentos para o mundo, principalmente para Ásia onde as áreas aráveis para cultivo estão em grande parte tomadas. A população de lá continua a crescer numericamente e, com o aumento de renda, demanda mais alimentos, sendo o Brasil um dos grandes fornecedores desse mercado.
Baseada nessa conjuntura, a previsão para o próximo ano é de um crescimento real de vendas de 3% (descontada a inflação) e nominal de 10%, chegando a R$ 45 bilhões de faturamento.
Com relação às exportações, acredito que com o fim da pandemia e com o retorno à normalidade deve acontecer uma reação neste ano. Teremos um 2021 mais promissor, caso o governo tome medidas urgentes no sentido de se organizar de forma a permitir o crescimento sustentado da economia, de modo que a reversão da desindustrialização garanta emprego e renda para o cidadão. Para isso são necessárias ações que permitam a isonomia competitiva do setor produtivo, proporcionando ampliação de sua participação no mercado doméstico e internacional.
Para tanto, em 2021 vamos continuar articulando com o governo e lutando pela criação de uma política industrial condizente com a indústria brasileira de bens de capital mecânicos, que é o setor responsável pela difusão tecnológica em toda a cadeia produtiva, e que tem papel preponderante no aumento da produtividade nos setores agrícolas, de serviço e industrial.
Continuaremos insistindo nas reformas, tributária, administrativa e política. Especialmente a tributária, já que precisamos com urgência de uma reforma que garanta ao sistema tributário nacional simplificado, com justiça e transparência para todos os contribuintes.
Os benefícios desta ação são muitos, mas destacamos: a expressiva melhora do ambiente de negócios do país em razão da redução dos custos relacionados à administração dos tributos e dos litígios; o aumento da segurança jurídica e ampliação da taxa de investimento por conta da redução do custo que ocorrerá nas máquinas e equipamentos ao eliminar a cumulatividade do sistema e garantir o crédito imediato.
Todos esses fatores permitirão o aumento da produtividade, o ganho de competitividade da produção nacional, a expansão dos investimentos, a redução do índice de desemprego e em aumento da renda do país.
Vamos enfrentar 2021 com atitude, positividade, protagonismo e otimismo para levar as demandas que os próximos doze meses nos trará.
*João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ).
Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.