Expectativas e cenários para a safra 2020/2021 da cana-de-açúcar

27 de março de 2020 3 mins. de leitura
Apesar de leve aumento na produção de cana-de-açúcar e de queda no abastecimento global, o baixo preço do açúcar ainda não aquece sua exportação

A safra 2020/2021 da cana-de-açúcar começa oficialmente em abril; no entanto, algumas usinas anteciparam o início da colheita. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a produção do Centro-Sul será 3% superior à da safra 2019/2020. A expectativa é que alcance volume um pouco maior que os 590 milhões de toneladas da safra que está findando.

Ainda de acordo com a Unica, o Brasil é responsável por 20% da produção global de açúcar e por 45% da exportação mundial.

(Fonte: Pixabay)

O mercado está bastante favorável ao produto. De acordo com a Bloomberg, os contratos futuros acumulam ganhos de 12% em 2020; segundo a empresa, esse é o melhor começo de ano da década. Além disso, esse aumento vai contra os efeitos da propagação do coronavírus, que já derrubou a cotação de várias commodities, como soja e petróleo.

O motivo para esse cenário favorável? A Tailândia, segundo maior exportador mundial, enfrentou a pior seca das últimas décadas, o que reduziu a sua safra. Esse problema surpreendeu operadores em um momento em que o Brasil transformava mais cana em etanol, o clima frio na América do Norte destruía as lavouras e a produção na União Europeia já era menor.

Apesar disso, o preço do açúcar ainda está baixo, o que faz as usinas apostarem na produção de biocombustível.

Produção de cana aumenta, mas mix continua favorável ao etanol

Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cpea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a produção do Centro-Sul tem leve aumento na produção 2020/2021. Isso acontece por causa da maior taxa de renovação de canaviais, mas não garante maior oferta de açúcar, pois o mix continua favorável ao etanol.

(Fonte: Pixabay)

A definição do mix de produção das usinas em favorecimento ao etanol deve-se principalmente à internalização dos reajustes internacionais do petróleo, que têm influenciado os valores da gasolina, do etanol e açúcar. Os pesquisadores concluem que o que estimularia aumento no mix favorável ao açúcar seria a exportação de adoçante, e que, mesmo com a alta do dólar impulsionando a exportação do açúcar, o preço do produto deveria aumentar para reverter o favoritismo ao etanol.

Outra variável reforça a continuidade de produção do etanol e sua competitividade: o alto preço da gasolina. Sobre o aumento do valor do açúcar, os elevados estoques do produto na Índia têm sido uma barreira impedindo melhoria nos preços internacionais. Para o mix de produção no Brasil favorecer o açúcar, a queda na produção mundial deveria proporcionar suporte às cotações da Bolsa de Nova York, elevando os preços do adoçante.

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Fonte: Bloomberg, S&P Global Platts, novaCana.

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