Queimadas: o impacto negativo delas para o agronegócio

17 de outubro de 2020 4 mins. de leitura
Incêndios na Amazônia e no Pantanal prejudicam a imagem do agronegócio brasileiro e não são benéficos para pastos e lavouras

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Em 14 de setembro, o governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência por conta dos incêndios que estão devastando o Pantanal. Até o dia do anúncio, mais de 1,4 milhão de hectares já haviam sido atingidos pelas chamas. No estado vizinho, Mato Grosso — que abriga cerca de um terço do bioma —, o fogo já consumiu quase 65% dos 108 mil hectares do Parque Estadual Encontro das Águas.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados pelo jornal Estadão, apontam que 10.153 focos de queimadas foram registrados no Pantanal entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2020 — três vezes mais do que no mesmo período do ano passado. Na Amazônia, o número de incêndios registrados entre agosto de 2019 e julho deste ano é 71,8% maior do que a média dos últimos quatro. 

Pinga-fogo internacional

Desde o ano passado, as queimadas nessas regiões se tornaram o centro de uma polêmica internacional, com pressões de instituições e empresas de diversos países para que o Brasil tome ações mais enérgicas para evitar a destruição dos biomas. 

O agronegócio é frequentemente apontado como um dos culpados por esse problema: em setembro de 2020, uma operação da Polícia Federal foi deflagrada para investigar a participação de fazendeiros no início das queimadas, prendendo celulares e documentos de suspeitos.

Em contrapartida, representantes de associações ligadas ao agronegócio ponderam que as queimadas não são interessantes nem para os próprios produtores — afinal elas prejudicam a imagem do Brasil no exterior e dificultam o comércio, abrindo margem para medidas protecionistas e concorrentes comerciais. Além disso, elas fazem parte de técnicas de cultivo que já não são recomendadas há muito tempo.

Queimadas mais prejudicam do que contribuem para o agronegócio — tanto na produção, quanto no comércio (Fonte: Estadão/Reprodução)
Queimadas mais prejudicam do que contribuem para o agronegócio — tanto na produção quanto no comércio. (Fonte: Estadão/Reprodução)

Método que caiu em desuso

Diversos estudos e publicações explicam por que as queimadas intencionais em lavouras e pastos não são mais recomendadas, como o livro Roça sem Fogo, lançado em 2020 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Com efeito, o texto reconhece que a técnica já foi bastante difundida como uma maneira fácil e barata para se livrar de restos de plantas no solo — seja para iniciar uma nova safra ou para abrir espaço para pasto. Por essa razão, inclusive, alguns produtores que não conhecem as novas técnicas ainda continuam utilizando as queimadas. 

Contudo, pesquisas publicadas desde os anos 1980 já começaram a descobrir razões para abolir essa prática. Elas vão desde o risco de que o fogo fuja do controle até a influência das queimadas no ciclo de chuvas e a diminuição da incidência de Sol pela fumaça, que prejudica diretamente a produção.

Outra consequência indesejável do uso de fogo no agronegócio é a mudança de composição do solo, que se torna mais suscetível à erosão (principalmente por águas das chuvas) e perde muitos nutrientes, com destaque para o hidrogênio.

Integração lavoura-pecuária-floresta é uma das alternativas às queimadas (Fonte: Shutterstock)
Integração lavoura-pecuária-floresta é uma das alternativas às queimadas. (Fonte: Shutterstock)

Desde o início dos anos 2000, pelo menos, a Embrapa tem-se dedicado a difundir alternativas às queimadas para o agronegócio. Dentre essas opções se encontram a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o plantio direto, que evitam a necessidade de se livrar dos restos de plantas no solo, além do sistema de corte e trituração, que lida com esses resíduos sem queimadas.

O livro Roça sem Fogo faz um apanhado das principais publicações feitas pela Embrapa sobre queimadas, nos últimos anos, e está disponível para download gratuito no site da instituição, podendo servir como referência para produtores que desejem abolir as queimadas em suas propriedades. 

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Fonte: Universidade de São Paulo e Estadão.

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